intensidade viveu, e tão brioso caminho percorreu, não tem direito a lamentos, devendo aceitar os sofrimentos, por ter sido lindo o destino seu. Quem foi rei, quem foi mendigo, quem tão profundamente amou e foi amado, quem tudo teve e tudo lhe faltou, e com a ajuda de Deus superou, percorrendo horizontes ilustres, atingiu o destino marcado… vivo hoje com as lindas recordações, viajo sem sair do meu quarto, jogo à bola descalço no pátio, sem equipa, sem bola nem fato… o treinador não vem ou chega tarde, e a relva descorou, há buracos que a ratazana abriu, perderam-se as palestras, e ninguém as encontrou. Já não ouço como em tempos ouvia, a garotada na rua a brincar, os cães deixaram de ladrar, foram atrás dos donos, e nunca mais querem voltar? Se as ruas perderam o brio, e as portas das casas se trancaram de vez, que se levantem as pedras, e as calçadas voltem às estrumeiras, e os lugares esqueçam
aquele que tanta falta nos fez… voltar ao reino maravilhoso,
para extrair a cortiça, ao que ladeia os sobreiros, àqueles lugares de magia,
onde a água da ribeira, corre discreta, por entre o arvoredo sem cobiça, E os
moinhos que tanta gente alimentaram, foram esquecidos, abandonados, como nós
seremos um dia, porque não há paragens na vida, seremos encarcerados… em
instituições de desapego, fitando as paredes, horas sem fim, esperando as
visitas que não vem, sem sorrisos sem agrado, quem terá pena de mim?
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