sábado, 14 de agosto de 2021

Quando a desgraça bate à porta

Os excluídos

Nascidos para serem seres humanos, mas, a comunidade condenou-os ao supresso julgando-os presencialmente, pelas roupas que vestiam,  pela indigência, vicissitude deplorável e ostentada mas mal disfarçada, esquecendo que todos nascemos da mesma maneira, não obstante possuir ou não ter nada onde nos possamos agarrar para não cair  na mendicidade que lentamente nos vai arrancando a dignidade e o alento abruptamente, deixando-nos desnudados sem esteio, famélicos, desvalidos, convalescentes ocasionais, subterfúgio para quem olha e não vê, porque não quer, embora finja sendo necessário alimentar aparências, fúteis, mas que contribuem para expandir o ego, a concupiscência num frenesim de festividades onde prevalece orgulhosamente a vaidade, onde os bens materiais são recorrentemente privilégios com duração vigente, porque se há justiça neste mundo igualdade e paridade está na chegada e na partida.

Eles tinham o destino marcado, tal como nós, mas indigna-me e mina-me saber, que sós, dentro de quatro velhas paredes, numa terra onde ( tout le monde est beau, tout le monde est gentil) não houve uma única pessoa que alertasse para a falta de os ter visto ainda com vida, durante três dias de agonia. Todos nós estivemos apenas preocupados em confecionar manjares grandiosos e beber uns copos na tasca que também eles frequentaram, como pobres de haveres e para muitos de espírito, o que não enaltece os procedimentos avarentos e indignos de seres humanos. Fossem eles alcoólicos ou atrasados mentais, bons ou maus, ricos ou pobres, ninguém merece ter um final de vida assim…

Para si mãe Ana que também partiu num dia destes onde quer que esteja, estará sempre no nosso coração

 

4 comentários:

Anónimo disse...

Está a falar, exatamente, de quem Sr. António?

antonio disse...

Estou a falar de todos os desgraçados, e da hipocrisia de nós todos.
Cumprimentos e grato pela visita

Anónimo disse...

O grande problema é que, todos nós, falamos da boca para fora mas, ninguém, intercede! Falamos para ver, se há alguem que interceda. Todos nós, pensamos, que é um problema de alguém menos nosso.

Cumprimentos também e obrigado

antonio disse...

Sr. anonimo: Respeito a sua opinião, mas se verificar melhor, observará que também me incluo no texto pelo que, alguns ficarão mais sensibilizados outros limitam-se à indignação, pese o fato de ninguém poder alterar o destino.
Obrigado, com os meus cumprimentos