O que ficou por dizer in: “O Puto de Vale dos amieiros” O salto para terras de França foi uma dádiva divina, para o agora já rapaz que continuava vivendo nesta pacata e adorável Aldeia, bem perto da serra da nogueira, onde o vento soprava, em dias medonhos de inverno, gelado e veloz levando consigo sonhos mal aconchegados, esperanças desvanecidas, que só a neve que frequentemente caía, branca e leve, silenciosa, poderia testemunhar que persistiria para sempre, embora o afeto se revelasse incondicional, mas, quando se é jovem, damos connosco a imaginar maravilhas em outros lugares, que por muito que estiquemos a corda ingénua, permanecemos submersos e impotentes. Já não encontrou as dificuldades daqueles que emigraram anos antes, na linguagem, e nas residências construídas pelas próprias mãos com materiais residuais ou em abarracamento, nos lugares nauseabundos, aglomerados e com as mínimas condições higiénicas de sobrevivência. O que mais o assustou foi uma hora a pés por montes e terrenos
Foi-nos
acordado um salvo-condutos pela guardilha deste desta Aldeia e seguimos de táxi
para a Poebla de senabra onde tomamos o comboio até Irum e aí com o suborno do
passador entramos noutro táxi e os guardas fizeram vista grossa para passarmos.
Em Hendaye, já território Françês foram-nos entregues bilhetes para Paris onde
chegamos por volta das 2h da manhã. Entramos noutro táxi que nos levou a Cité
des fleurs no 17m arrondissement, e o chofer gritou de fora Várias vezes: MR
Martin? Até que o meu primo chico abriu a janela do rés-do-chão para ver o que
se passava. Pagou e ficamos entregues.
Foi em 1968
ano de numerosas manifestações, e imensas greves que paralisaram a França, pelo
que encontrar emprego revelou-se missão impossível. É com imensa gratidão que
me dirijo ao meu primo Francisco e esposa que me suportaram durante um mês,
sobretudo que a loja era pequena, dormindo no chão junto da cama deles que obrigatoriamente,
durante este tempo não puderam fazer uma vida normal de casados.
Também tenho
que agradecer ao António “pintasilgo” e ao Moisés que pediram emprego para mim
na construção civil onde me foi feito uma carta de estadia e outra de trabalho,
assim como segurança social com contrato de 6 meses.
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