Capela de Santo António |
A adopção popular
foi rápida, e a tradição inculcada teve um impulsivo sucesso, e uma admiração
incontestável, que enchia de orgulho e felicidade, os filhos da terra, assim
como os peregrinos vindos das diversas localidades limítrofes.
Os preparativos
festivos, ao encargo do Sr. Eduardo Martins, que benevolamente mordomava,
começavam dias antes, com muito trabalho, dedicação, e, inicialmente, até abono
de capital, para a realização eficaz do evento.
Logo de manhãzinha,
a banda musical percorria as ruas da Aldeia, enquanto subiam para o ar, uma
descarga de morteiros estrondosos, anunciando o início das festividades. Os
sinos repenicavam melodiosamente e informavam os convivas, que minuciosamente,
apressados, davam uma última olhadela para o espelho, com a intenção de verificar
se os seus fatos domingueiros, lhes assentavam no corpo como a felicidade na
alma! Já instalada na capela, a aparelhagem sonora, manipulada pelo pirotécnico,
afinava os detalhes finais antes da Eucaristia, cantada pelo coral do povo,
cujos ensaios duravam tempo, sendo primordiais, sem falhas.
Ao terceiro toque
dos sinos, quatro homens que previamente se tinham deslocado para a capela, de
opas vestidos, levantavam o andor do Santo António, punham-no aos ombros, e
dirigiam-se lentamente, compassadamente para o povoado, ao mesmo tempo que, da
Igreja Matriz, saiam também, duas lanternas, a Cruz, e o andor do Divino Senhor,
ornamentado com flores naturais, e a procissão, estrada acima, cujo encontro
estava programado ao mesmo tempo de chegada à entrada da povoação.
Resumindo, o S.
António, vinha receber o convidado Divino Senhor, para a sua festa, à saída do
seu reino, Cumprimentavam-se com a vénia, e seguiam juntos, para o simples
recinto, onde permanecia solitário durante todo o ano.
Após a Eucaristia
campal, a respectiva procissão em volta da capela, começava o convívio fraternal,
de comes e bebes, com sardinhada e grelhados, vinho e pão da terra, (voluntários
levavam o seu garrafão) debaixo de dois castanheiros, ao abrigo dos raios
solares, improvisado espaço de merendas, com mesas e bancos colocados para o
efeito.
Quase ninguém arredava
pé, aguardando já com a “barriga a dar horas” enquanto uma dezena de mulheres
se activava apressadamente, para satisfazer os desejos corporais, já com o
dever cumprido espiritualmente.
Este encontro anual
era considerado como uma terapia convivial que nos maravilhava a todos, e os
donativos generosos, amealhados e guardados para o próximo ano.
A festa só terminava
já tarde, com baile no largo da Igreja.
DEDICO ESTE TEXTO AO FUNDADOR DESTA
OBRA RELIGIOSA
Santo António |
Divino Senhor |
2 comentários:
António
Por muitos anos que vivamos, e mesmo que enchessemos com prendas, nos próximos cinquenta anos, nunca poderíamos retribuir o que alguns fizeram por nós, pelos nossos, ou por um povo inteiro, porque não há nada que pague dedicação, amizade, compaixão, compreensão...!
Abraço
Eduarda
Concordo consigo Eduarda. Começo a mentalizar-me que a realidade dos factos não tem o mesmo impacto no viver de quem passa a vida a enganar... lamentável é a credibilidade perante pessoas ditas sensatas! Enfim... cest la vie! Que pouvons nous contre ça, pauvres diables!!!!
Bem-haja pela visita. Abraço
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