terça-feira, 12 de junho de 2012

Capela de Santo António
 Como em diversas partes do País, também em Murçós se festeja o dia de S. António. Chegou aqui por volta de há quinze anos. Veio de Lisboa, por iniciativa do Sr. Jaime Manuel Fernandes, fervoroso crente, dos poderes milagrosos, e dos protectores conceitos, que esta imagem santificada, abençoava, da sua linda capela, situada no alto, a cerca de um quilómetro do pequeno aglomerado urbano, que este grande homem, em colaboração com a população mandou edificar, com dificuldades e sacrifícios, mas, felicíssimo, pela execução de mais uma grande obra sua, na terra que tanto ama.
A adopção popular foi rápida, e a tradição inculcada teve um impulsivo sucesso, e uma admiração incontestável, que enchia de orgulho e felicidade, os filhos da terra, assim como os peregrinos vindos das diversas localidades limítrofes.
Os preparativos festivos, ao encargo do Sr. Eduardo Martins, que benevolamente mordomava, começavam dias antes, com muito trabalho, dedicação, e, inicialmente, até abono de capital, para a realização eficaz do evento.
Logo de manhãzinha, a banda musical percorria as ruas da Aldeia, enquanto subiam para o ar, uma descarga de morteiros estrondosos, anunciando o início das festividades. Os sinos repenicavam melodiosamente e informavam os convivas, que minuciosamente, apressados, davam uma última olhadela para o espelho, com a intenção de verificar se os seus fatos domingueiros, lhes assentavam no corpo como a felicidade na alma! Já instalada na capela, a aparelhagem sonora, manipulada pelo pirotécnico, afinava os detalhes finais antes da Eucaristia, cantada pelo coral do povo, cujos ensaios duravam tempo, sendo primordiais, sem falhas.
Ao terceiro toque dos sinos, quatro homens que previamente se tinham deslocado para a capela, de opas vestidos, levantavam o andor do Santo António, punham-no aos ombros, e dirigiam-se lentamente, compassadamente para o povoado, ao mesmo tempo que, da Igreja Matriz, saiam também, duas lanternas, a Cruz, e o andor do Divino Senhor, ornamentado com flores naturais, e a procissão, estrada acima, cujo encontro estava programado ao mesmo tempo de chegada à entrada da povoação.
Resumindo, o S. António, vinha receber o convidado Divino Senhor, para a sua festa, à saída do seu reino, Cumprimentavam-se com a vénia, e seguiam juntos, para o simples recinto, onde permanecia solitário durante todo o ano.
Após a Eucaristia campal, a respectiva procissão em volta da capela, começava o convívio fraternal, de comes e bebes, com sardinhada e grelhados, vinho e pão da terra, (voluntários levavam o seu garrafão) debaixo de dois castanheiros, ao abrigo dos raios solares, improvisado espaço de merendas, com mesas e bancos colocados para o efeito.
Quase ninguém arredava pé, aguardando já com a “barriga a dar horas” enquanto uma dezena de mulheres se activava apressadamente, para satisfazer os desejos corporais, já com o dever cumprido espiritualmente.
Este encontro anual era considerado como uma terapia convivial que nos maravilhava a todos, e os donativos generosos, amealhados e guardados para o próximo ano.
A festa só terminava já tarde, com baile no largo da Igreja.

         DEDICO ESTE TEXTO AO FUNDADOR DESTA OBRA RELIGIOSA
        
Jaime Manuel Fernandes Que Deus recompense o grande homem que sempre foste
Santo António

Divino Senhor

2 comentários:

Anónimo disse...

António
Por muitos anos que vivamos, e mesmo que enchessemos com prendas, nos próximos cinquenta anos, nunca poderíamos retribuir o que alguns fizeram por nós, pelos nossos, ou por um povo inteiro, porque não há nada que pague dedicação, amizade, compaixão, compreensão...!
Abraço
Eduarda

antonio disse...

Concordo consigo Eduarda. Começo a mentalizar-me que a realidade dos factos não tem o mesmo impacto no viver de quem passa a vida a enganar... lamentável é a credibilidade perante pessoas ditas sensatas! Enfim... cest la vie! Que pouvons nous contre ça, pauvres diables!!!!
Bem-haja pela visita. Abraço