terça-feira, 22 de janeiro de 2013

BREVE VISITA DA NEVE




 O dia amanheceu escuro, tenebroso, parecia que, já eram 9h da manhã, se transformara em noite. A luz trazia um escuro com ela, e sentia dificuldade em penetrar no meu quarto através dos cortinados. Removia-me no leito, entre a preguiça, o desejo de ficar, mais uns instantes, entre os cobertores quente, e a curiosidade de ir ver o que se passava, n'um silencio espetacular que nos rodeava e devia invadir todos os seres vivos.
Voltei a adormecer, saboreando mais um sonho passageiro que envolvia pessoas e lugares alheios à minha memória. Já vem sendo costumeiro, nestes dias frios invernais, não se ouvir nem passos na rua, nem pessoas a cruzarem-se com os bons-dias, ou os motores das máquinas agicolas nas suas deslocações.
Tivemos nos três últimos dias, ventos e chuvas torrenciais, que inundaram grande quantidade dos prédios, não havendo  danos maiores a notificar, felizmente...
Levantei-me, fui à varanda e de lá, vi ao longe, no alto do Lameirão, a brancura de uma pequena camada de neve, que o receio ou a timidez tinham impedido de descer até ao povoado. O frio continuava bem presente, e a minha desconfiança confirmava-se com as noticias da tv ou rádio, os quais anunciavam neve em numerosas partes do País, como aliás tem acontecido em grande parte da Europa.
A neve tem a sua encantadora magia de cativar os jovens, e mesmo aqueles que a viram cair centenas de vezes, mas cada vez é sempre agradável e apaziguador, ver cair com tanta suavidade e respeito tal um sonho em noites de felicidade que desejaríamos nuca tivessem fim.
 Depois do almoços iniciou a sinfonia surda e muda, em Murçós, da caída de farrapos brancos, densos e grandes, os quais durante 2 horas, cobriram com manto branco, telhados, ruas, árvores e campos, de uma beleza incomparável ainda não vista este ano de 2013.
A garotada, pouca e na escola em Bragança ou Macedo, por certo desfrutaram dos jogos da pelotada, como tradicional nestas terras humildes, onde não são necessários grandes meios para arranjar uma brincadeira...




Apesar do agravamento convival, por falta de gente que imigra, sobretudo a juventude, as ruas, atraentes, aguardam pacientemente a chegado de visitantes, venham de onde vierem... muitas das portas jazem fechadas, porque os donos envelheceram, ou partiram definitivamente... _ Dizia o meu amigo Fernando Calado que: já nem se ouvia um cão ladrar por terem partido com os donos!
A desertificação vai-nos puxando para um flagelo horrorosa...
Também os utencílios agrícolas, aguardam uns braços fortes que os manobrem nas tarefas tradicionais que ajudem à sobrevivencia em tempos muito maus, onde a vida é posta em casa todos os dias, cada vez com mais dificuldades.

2 comentários:

Unknown disse...

António, boa noite!
A desertificação começa de facto a ser um flagelo, os mais novos, partem em busca de uma vida mais risonha e, os idosos vivem uma solidão assustadora.

Muito triste!

Beijinho,
Ana Martins

antonio disse...

Olá,Ana Martins! è a realidade dos factos... infelizmente que podemos nós pobres mortais? Beijos