quinta-feira, 4 de abril de 2013

A doença do Edgar



INJUSTIÇAS
Há casos, legados por Deus, ou quem quer que seja, aos seres humanos, que nos projetam numa perplexidade absurda, incompreensível, medonha. Quando presenciamos alguns deles, vários sentimentos invadem a nossa autoestima, designadamente a condescendência, a revolta, e, até a repugnância.
Para melhor compreensão do meu raciocínio, passo a narrar, o que se passou hoje, dia 4 de Abril de 2013, em Murçós junto do café do Reis, pela tarde, assentados a saborear o tédio sol, enquanto bebíamos uma mini, e meia dezena de outras pessoas falavam de coisas sem importância, banais, para passar o tempo.
O Edgar, filho do tio chico e da Isabel, nasceu com uma doença crónica, a diabetes (glicose) como grande parte dos filhos desta terra sabem;  A “diabetes tipo 1” ocorre devido à baixa ou nenhuma produção de insulina pelo pâncreas, exigindo injeções diárias de insulina para que o nível de glicose no sangue se mantenha normal.
A diabetes pode baixar, por diversas rasões, rapidamente, a um nível crítico envolvente, deixando o doente num estado lastimável próximo da Esquizofrenia, e as pessoas que o rodeiam em pânico total. Aconteceu com o Edgar, hoje apenas por ter feito o esforço de acompanhar os pais ao campo, e, nós estávamos presentes para testemunhar… mas, centenas de vezes, ao decorrer dos seus 27 anos, oculto dos olhares expressivos, quase extremosos, deitado na sua cama, às 2h da manhã, ou em qualquer outro lugar, este rapaz foi vitima desta doença, com a qual aprendeu a viver, apenas com a ajuda dos pais carenciados e corajosos, os quais sempre tentaram comunicar-lhe a ideia de ter nascido como todos os outros jovens, com o “ handicap” , é verdade, mas com as mesmas possibilidades dos jovens da sua idade, e isso não foi nem nunca será a realidade dos factos. A sua autonomia é limitada, ficará dependente de outra pessoa para o resto da sua vida… e, tal como hoje, que o nível da glicose baixou quase a zero, contração dos seus membros, ausência absoluta de controlo psicológico, e sofrimento atroz, o seu destino foi traçado, e, será assim para sempre… O que mais me revolta, são as leis votadas por pessoas que não sabem o que é o humanismo, e tem coração mais duro que as pedras arrancadas nas minas… não lhe é conferido o direito a uma pensão de invalidez por que razão? As várias diligências engendradas pelos seus pais embateram num muro de granito, por não terem meios para subornar os elementos escolhidos pela segurança social para decidirem quem deve ou não receber uma pensão de invalidez… lamentavelmente vergonhoso para um povo que se julga culto, um dos seus médicos indagou o seguinte: - Nós arranjávamos-lhe uma pequena pensão mas era se fosse cego de um olho…
À semelhança de um País corrupto, egoísta, cínico, vaidoso, este médico merecia a forca… como se podem dar fundos a quem não tem direito e omitir voluntariamente casos como este? Fica o apelo desesperado para quem poder fazer algo para que esta rapaz possa viver com uma doença complicada, mas, com dignidade e o mínimo para sobreviver…

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