E inconscientemente, contei mentalmente as casas existentes
na pacatez desta Aldeia… duzentas - segundo os sensos realizados em 2011. Mais
de metades estão desabitadas, e é grande a percentagem das que mora lá apenas
uma pessoa… como é triste! O autocarro escolar vem buscar 4 crianças com mais
de seis anos e apenas duas com menos… e os idosos vão partindo cada vez mais
numerosos na rota do desespero que os isola deixando-os temerosos com o que
possa acontecer numa destas noites escuras e frias de inverno, que já nem um
cão se ouve ladrar! - Murçós foi uma das aldeias que sofreu muito com a
desertificação massiva e o envelhecimento – confidenciava-me um colega de
formação em Macedo de Cavaleiros – Murçós é hoje simplesmente o refúgio dos
inconscientes e dos que julgam ser tarde demais para abandonar o barco à deriva…
De volta a casa, manifestei numa rede social o meu precário
estado de espirito pensando aliviar o peso que me sufocava com remorsos de consciência,
culpabilizando-me dos resultados infrutíferos, desastrosos, dos quais me sentia
responsável embora indiretamente…
Pelas 21 horas recebi um telefonema de dois primos de
passagem pela terra, que alertados por um terceiro, homem exemplar de bondade,
sempre disponível benevolamente para ajudar os outros, carenciados ou
vulneráveis, de incondicional fé em Deus e na religião cristã que pratica assiduamente,
me convidaram para almoçar com eles num local marcado. O convívio é realmente
uma terapia saudável que nos ajuda a combater os preconceitos e os percalços que
a vida nos reserva…
Após o
almoço fomos passear o resto do dia lá para os lados de Vinhais, onde as
paisagens outonais sublimam olhares tristes, e consolam corações martirizados.
Foi realmente o “golfo” de oxigénio que os nossos pulmões precisavam para
voltar a sorrir, rir e brincar esquecendo todos os problemas do mundo. Os
castanheiros outoniços de Mós e celas, velhos de centenas de anos começavam a
despir-se o que lhes dava um “charme” peculiar, enquanto na encosta, Negreda e
a sua quinta dos castanheiros aguardavam sorridentes a chegada dos hospedes
vindos para aliviar do stress cotidiano; do outro lado, Martim, Refoios e Zoio,
serenavam na última recolta da castanha. Chegados a Nunes começamos a ver
Vinhais esplendoroso naencosta, e a magnifica Aldeia de Cidões, ladeada de serras e banhada pelo rio, uma maravilha! Numerosas foram as fotos que do miradouro majestoso tiramos, como crianças que brincam alegres e felizes, alheias às peripécias da vida. Até o grande assador de castanhas, o maior do mundo, podendo assar uma tonelada, de cada vez, nos acolheu de braços abertos. Estou imensamente grato aos primos e sobretudo ao Carlos que mesmo de Lisboa não lhe passou despercebido um problema familiar.
6 comentários:
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"Há sempre alguém que nos diz: tem cuidado
Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco
Há sempre alguém que nos faz falta
Ahhh, saudade..."
http://youtu.be/yVbAWf349eE
Abraço
Eduarda
António, em tempos a Fátima ensinou-me a colocar os links nos comentários, mas como "burro velho não aprende línguas", não consegui aprender. Assim peço desculpa da forma como fiz o cometário anterior, sendo que o meu propósito era tão somente colocar-lhe o link de uma música dos Trovante que achei conveniente para o post acima As minhas desculpas pois saíu-me mal a pintura. Abraço Eduarda
Bem-haja Eduarda... haja sempre alguém. Abraço
Eduarda: efitivamente o sistema de segurança ativado não me deixa ver a letra... mesmo no youtube, não faz mal.
Tonho
Aí não está a letra, mas aqui podes vê-la e é muito bonita.
Tenho estado ausente por mil e um motivos que não vêm ao caso, o que importa é ver que consegues ir escrevendo e desabafando um pouco.
Beijos
Obrigado Fátima pela letra dos trovante que é realmente muito linda, e pela amabilidade e disponibilidade que dedicas aos outros... eu bem preciso neste momento.Vou escrevendo a custo, porque nada me faz prazer... desejava-me tão longe... enfim não te vou maçar com os meus problemas, já te chegam os teus. Beijos
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