Professores primários que neste tempo exerciam a profissão,
eram admitidos com a admissão ao liceu, uma prova após a 4ª classe, 2º ciclo,
5º ano e raros com o 7º ano da secundária mais o magistério; às mulheres
sobretudo que exerciam com tão poucas habilitações, eram apelidadas de “posteiras”,
e, numerosos foram os casos em que o aluno sabia mais que a professora… Na
escola do saloio havia uma professora com o 5º ano e um professor que já podia
examinar n’outras escolas porque possuía o 7º. Também aqui se verificaram
situações do género, em que a professora não conseguindo resolver um exercício
(problema) pediu a uma aluna para a ajudar. Geralmente as turmas destes
professores eram apenas de 1ª,2ª,e 3ª classe. A rigorosa disciplina, por vezes agressiva,
recoltou bons frutos, havendo sempre a discriminação entre os filhos de fulano
e sicrano. A maioria das repartições onde exerciam os funcionários públicos,
geralmente com poucas habilitações, máximo 2º ano, sempre através de “cunha”,
tinham um atendimento precário, deficiente, sem prestígio nem brio, e, mais uma
vez tudo funcionava com as “gorjetas. Aqui cito um exemplo pessoal: ainda não
tinha dezoito anos, quis tirar o bilhete de identidade a fim de me “pirar “para
o estrangeiro. A esposa do Sr. Arinas, que trabalhava no atendimento do registo
civil, numa primeira abordagem recusou atender-me. Como não me dava jeito
voltar para casa de mãos a abanar, lembrei-me de lhe mostrar uma nota de vinte
escudos, e, logo de imediato me chamou à parte, dizendo: - Sendo assim… Fiquei
sem um tostão no bolso e limitei-me a esperar pela automotora do fim do dia de
barriga a dar horas; felizmente tinha tirado o bilhete de ida e volta…
Também se podia entrar para enfermagem com o 2º ano, tal
como para um curso profissional, que terminava dois anos depois. Muitos destes
enfermeiros para subir na Hierarquia completaram já a trabalhar, alguns o 5º
ano com a possibilidade que existia para os adultos, de fazer num só ano
:3º,4º,e5º; assim como existia também a possibilidade de completar 6º e 7 Com
exames às disciplinas programadas. Abro aqui parenteses para explicar como funcionava
o sistema de ensino nestes tempos. Um aluno adulto podia em três anos obter o
diploma de 7º ano de escolaridade secundária, fazendo no primeiro ano o
primeiro e segundo siclo… no segundo 3º,4º,5º ano, e no terceiro 6º, e 7º para
entrar nas faculdades.
Para entrar nas forças policiais bastava a 4ª classe, sendo
mais exigente a guarda fiscal e a PID. Também nas forças armadas os postos eram
definidos como se segue com as seguintes habilitações. 2º e 5º ano milicianos;
cabo furriel. 7º ano oficiais milicianos; aspirante e alferes. Os postos subiam
depois concorrendo ou fazendo digressões ao Ultramar. Havia também aqueles que
metiam o “chico” passando escalões hierárquicos. »»» continua
5 comentários:
Antonino,
As professoras, posteiras, tinham apenas a quarta classe não mais que isso. Os cursos profissionais de que fala, eram tirados nas Escolas Industriais e Comerciais que, para ter ingresso, era exigido o exame de admissão.
O terceiro, quarto e quinto ano era chamado o “ Curso Geral do Liceu”. O seisto e sétimo “ Curso Complementar”.
Acho que, está enganado em relação às habilitações da professora. A cadeira não era dela, mas sim, da irmã que morreu, essa sim, tinha as habilitações e o magistério primário. Tanto o Professor como a Professora, ambos, lecionavam (e muito bem) as quatro classes. Eram excelentes profissionais! Os alunos que eles propunham a exame faziam brilharetes! Mesmo os que depois, iam fazer exame de admissão!
Um abraço,
Serrana
Sra. Serrana: começo por agradecer a sua visita, assim como algumas precisões relativas aos cursos liceais, geral para o terceiro quarto e quinto, complementar para o sexto e sétimo. Quanto às provas de aptidão, eram também exigidas nos liceus, creio que na escola industrial de que falo não. Também posso estar enganado em relação às habilitações da professora em causa, correram rumores n'um blog da existência da tal irmã que falecera, porém o que se passou, não faço a mínima ideia pelo que só falo do que sei.
Quanto às manifestações elogiosas com as quais brinda os professores, não tenho o direito de contradizê-la, tão pouco insinuei que lecionavam mal; Mas, como aqui se pode falar a verdade sem passar a escova pelo cabelo de ninguém, limito-me a relatar fatos ocorridos, omitindo voluntariamente outros flagrantes, que passo a citar: sendo verdade que a professora lecionava as 4 classes das raparigas, pelo menos até a proximidade dos exames, não lhe conferia corículos nem sabedoria... sobretudo na matemática, português e ciências naturais. Ao professor, sim. Eram realmente profissionais com a sorte de virem da cidade onde decorriam os exames e os colegas lhes faziam flores. Frequentei essa escola durante 4 anos, e posso afirmar que de 8 alunos que iniciaram a escolaridade comigo apenas 4 foram propostos a exame de 4ª classe, dois deles seguiram para a aptidão ao Liceu. Também me ocorre alguns dos alunos que chegaram aos 14 anos apenas com a 3ª classe e um deles passou até da segunda para a primeira. Dos alunos que fizeram brilharetes nos anos 50/60 apenas me recordo de dois; um rapaz e uma rapariga por quem sempre tive grande admiração, pelo que concluo que os professores exerceram suas profissões como lhes competia sendo pagos para tal, como tantos outros não lhes devendo nada a Aldeia, nem eles a quem ali os colocou.
Com os meus cumprimentos
António,
Tanto para as Escolas Industriais e Comerciais como para os Liceus, para o seu ingresso, era exigido o exame de admissão.
Lamento, que o seu sentimento em relação aos professores, seja negativo. O meu é oposto ao seu, mas cada um!....
Retribuo os cumprimentos
Sra. Serrana: Admito que tenha razão nas admissões.
Informo também que não considero negativo um sentimento que fala de acontecimentos reais, sem complexos nem graxa; eles ensinaram-me exercendo a profissão sem excessos de zelo, e eu aprendi às minhas custas com falta de material escolar, sem ser compensado com empréstimo do que quer que fosse...
Gostaria que expressa-se a positividade do seu sentimento com fatos reais, que mereçam realce, incluindo onde se situam os brilharetes... se lecionassem nos dias de hoje teriam talvez os mesmos resultados, não lhes sendo permitidas certas e determinadas libertinagens.
Fala-se neste e n'outros blogues de certas pessoas, verdade que tiveram algum relevo na Aldeia, como se fossem deuses das virtudes e da generosidade... Omite-se falar, (tabout) de outras e dos enormes erros que cometeram enquanto desempenharam cargos na mesma localidade simplesmente por teimosia e autoestima superior à realidade... é realmente lindo deitar foguetes... ( tout le Monde il est beau, tout le Monde il est gentille) fazendo-o com hipocrisia e um orgulho disfarçado esquecendo que ainda não morreram todas as testemunhas de um passado guardado a sete chaves... Quem se envergonha do que foi não pode ter orgulho do que é...
- Também quem não quer ser lobo não lhe veste a pele - e andam por aí muitos disfarçados em cordeiros. Porque será que só algumas pessoas têm direito a elogios, e nunca as que mais merecem? Porque os bufos da pide ainda exercem.
Para elaborar um texto ocorrem-nos às recordações sempre os benfeitores e jamais os malfazejos... e que lindo texto! E que burros são os outros!
Não contem comigo para fantasiar cardos.
Peço desculpa pelo desabafo que não tem nada a ver consigo. Obrigado pela visita. Com os meus respeitosos cumprimentos
Quanto azedume tem esse seu coração! Não corresponde nada á sua pessoa.
O brilharete de que falo é com conhecimento próprio. No meu exame de quarta classe, passei com distinção. Pena ter ficado por aqui não ter podido ir mais longe!
Se os professores lecionassem hoje, de certeza absoluta, saberiam adaptar-se ao atual método de ensino que, não tem nada a ver com o de antigamente. Teriam vergonha dos jovens que saem das faculdades sem saberem a ponta de um corno.
Cumprimentos.
Enviar um comentário