segunda-feira, 11 de abril de 2016

Dia de Santa Luzia

 Notícias da aldeia
Às vezes ainda ouço, à beira da memória, os carros de bois que passam chiando, dolorosamente, carregados de trigo… desejando a eira.
… ei vacas!… anda lá cereja!... faz-te ao suco…e a lavrada acontecia, vagarosamente… do nascer ao pôr do sol.
Os lameiros eram verdes… a erva fresca… a boiada pastava e o boieiro não tinha pressa, sentado…comendo a merenda junto ao remanso da ribeira.
Os carros de bois já se calaram há muito tempo e o último boieiro já só existe no imaginário nostálgico da aldeia.
Mas o orgulho dos antigos lavradores persiste firme, como as fragas duras e altaneiras:
- pois é sempre tive duas juntas de vacas… agora tenho dois tratores… e quando um se cansa, pego-lhe ao outro!...
…ora bem! Que se canse o trator… mas descanse o lavrador!
Mudaram os tempos…ficam as pequenas vaidades!
Bendito seja o Nordeste!
(foto tirada no Xitol… a verdadeira adega)

Ontem foi dia de Santa Luzia, frio, neve e chuva alteraram os projetos de muita gente que tencionava deslocar-se a esta localidade bastante frequentada pelas gentes de Murçós, trazendo as suas merendas para comer em convivio junto da mãe natureza, com sons e cheiros campestres que abrem o apetite. Quem não faltou foi a "doyenne"  (tia Aurora)que muito perto de centenária, não há frio, chuva ou neve que lhe faça obstáculo. Feita de outra tempera, continua a dar os exemplos marcantes que nos fazem refletir... Também alguns peregrinos seguiram a pés a fim de cumprirem as promesas feitas a esta Santa milagrosa com devoção. A festa profana também se realizou com o concurso do grande conjunto que na vespera atuou com temperaturas bastante baixas.

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