sexta-feira, 1 de abril de 2016

Páscoa 2016

 

Murçós, foi mais uma vez, o lugar escolhido, para passarem as festividades Pascais, centenas de bucólicos vindos das diversas localidades do planeta. E as tradições mantiveram-se vivas e bem presentes no coração de cada um, que longe ou perto, bate palpitante, ansioso por passar, algumas horas, com familiares e amigos, e juntos reviverem um passado recente que o destino traçou nas suas vidas dando-lhe outra direção que não era forçosamente a escolhida se tal lhes fosse proporcionado…pelas ruas, durante a semana passada, ouviam-se gritos e gargalhadas de uma juventude alegre e feliz; cruzavam-se olhares, e, um “olá” rotineiro soltava-se dos lábios como uma saudação sem preconceitos, presunção ou outro qualquer adjetivo discriminativo… o cheiro dos folares a saírem dos fornos a lenha, confeccionados à maneira antiga, entrava-lhes pelas narinas vindo misturar-se com o oxigénio no balão de ar puro o qual começaram a respirar na descida do Lameirão, lugar mítico, observatório da terra amada, onde todos os que vem de lugares stressantes começam a descontrair. Considerando os de 2ª idade (entre os 30 e os 50) os mais ativos, consequentemente os que cresceram aqui, juntaram-se com tratores e mãos arregaçadas foram à procura de lenha para manter a colossal fogueira durante toda a noite de Sábado para Domingo, onde durante grande parte da noite a quási totalidade da população se reúne cercando-a como os indígenas quando praticavam seus rituais de devoção e crença. O repenicar dos sinos sempre afinados propagava-se pela atmosfera dos anjos, e raros foram os que não foram puxar nem que fosse apenas uma vez, aquelas cordas pendentes ao longo do majestoso campanário, maquilhado com cintilantes lâmpadas coloridas, dando-lhe um ar de festa. No café central as mesas eram poucas para satisfazer os pedidos, e, de pé apertados como sardinhas na caixa, mais cedo ou mais tarde, todos foram servidos com um sorriso nos lábios, uma picardia amável, uma anedota sempre pronta para contar. Nas mesas jogava-se o “chincalhão de 6” num alarido infernal, como quem
solta o que trazia preso no coração durante meses. Os mordomos do menino Jesus, como é costume tentam por todos os meios angariar fundos com a venda de objetos, cabaz, mas sobretudo bebidas no recinto reservado ao baile animado este ano por um filho da terra com o nome de artista WF. A sala encheu, uns por curiosidade, outros com intenções mais perversas, sem verdadeira maldade, um lol, que começou nos patrocinadores e empresários improvisados que o contrataram a seus próprios custos. A animação prolongou-se pela noite fora, e o tempo ameno ajudou. A bênção das casas realizou-se no dia de Páscoa pela tarde, e o vaivém dos familiares e amigos de casa em casa continua a impressionar; uns para baixo outros para cima honrando mais uma vez um costume típico de Murçós que retomou a sua dignidade usos e costumes que espero nunca deixem esmorecer.
Nota: não publico fotos relacionadas com o meu texto porque segundo algumas pessoas feriam a sensibilidade e a privacidade de outrem.

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