debilitadas, mas, que com mestria arranjavam sempre maneira de superar o que lhes faltava encontrando alternativas para passar o tempo nas horas vagas que eram tantas!
De volta da escola, depois das três da tarde, o professor,
creio, Francisco Ribom e a irmã, também professora D. Maria, passavam, e não se
esqueciam de nos repreender dizendo: - Não vos esqueçais do que tendes que
fazer para Amanhã…
Estudar? Era ali antes de os que possuíam livros regressassem
a casa. Na eira do tio Amadeu, mesmo em frente, havia dois cerdeiros galegos
que invadíamos frequentemente, não deixando amadurecer o fruto. Começava um
jogo de pião. Traçava-se um circulo com um pau no chão, e pouco a pouco chegavam,
o Moisés, o António, o Armindo eu, o Amadeu, o Ferreira, o Jorge, alguns do bairro
das pedras, Pedro , Tonho, Tarcísio, com os seus piões feitos de amieiro
cortado lá para os lados da ribeira, e com um “ferrão” de prego aguçado, para
fazer saltar do meio os que rolavam e os que não tinham saído do circulo… Foram
tempos difíceis
mas que recordo com tanta nostalgia perguntando-me: onde
andarão os meus amigos de infâncias? Será que vivem felizes com filhos e netos
em lugares que escolheram para serem felizes? São tantos que nunca mais vi! E
as raparigas que animavam os bailes de fim de tarde, nos diversos lugares desta
Aldeia amada que desertaram e nunca mais quiseram ver! A Fernanda e a irmã Beatriz,
a Adília, a Maria, a Ernestina, a Mavilde, a Fátima, Elisa e tantas outras com
mais idade que nos ensinaram a dançar e sofreram as pisadelas dos
principiantes, com um sorriso nos lábios, tentando ajudar… se é que tem que se
seguir o ciclo da vida, porque não nos privem das lindas recordações que nos
deixam destroçados com a aproximação da velhice? Sim eramos felizes… nem
pobreza nem miséria resistiam à nossa tão grande vontade de morder a vida com
os dentes todos… que a vida vos tenha sorrido e no vosso jardim secreto, longe
ou perto, floresçam lindas flores fruto do vosso ser, cheiro do que todos
fomos, e que o vento passageiro um dia levou para longe mas que sempre estareis
presentes na memória dos que convosco fizeram alguns passos no longo caminho da
vida.
2 comentários:
Muito bonito o teu texto, António, parabéns! Era isso mesmo!
Obrigado Unknown pela visita e pelos elogíos. Abraço
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