sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Maria Rita

A Maria Rita por António Braz Era uma moça alegre e jovial, nascida nos confins de um mundo que lhe era bem peculiar, irmã de mais sete, três femininas e quatro masculinos, porque os pais eram ativos e férteis, para além de uma incondicional dedicação à religião cristã e tudo quanto ordenavam os ensinamentos já herdados dos antepassados, desde pequenota foi considerada pelos familiares como a ovelha gulosa, ágil e engraçada porque de beleza, pouco tinha. Com os seus sete anos já acompanhava o irmão pastor, na retaguarda do rebanho não fosse alguma abocada pelos lobos numerosos e famintos, que rondavam até que os três grandes cães os corriam para longe. A sua inteligência também deixava a desejar, e o gosto pelas aulas, tornava-se n’um suplicio que ia aguentando, mas não era de todo o seu campo de desejos. Gostava de rir às gargalhadas, e percorrer montes e vales, como uma gazela indomada, não servindo de nada os sermões que os pais lhe dedicavam. Não suportava a presença de homens próximos do seu habitat natural, e era só com o Prior da terra que se sentia à vontade. Assistia às missas semanais, e o prior era para ela um deus. Tinha já os seus cinquenta anos e fama de mulherengo, sem escrúpulos fossem elas solteiras ou casadas. Quando Maria Rita fez os seus quinze anos, e inesperadamente surgiu o que todas as mulheres tem periodicamente, andou fugida de casa durante uma noite e um dia. Escondeu-se em lugares que só ela conhecia, e só foi encontrada pela população e as forças policiais, quando na sua cabecita começou a florescer a ideia que ainda não era um indicativo de morte. Voltou para casa pelos seus próprios pés, mas, nunca mais foi aquela Maria Rita que todos conheciam. Refugiava-se discretamente, sempre distanciada de homens, recusando conversas, mesmo com os familiares. Um certo dia o prior veio a casa dos pais, insinuando que o que a rapiga tinha entranhado no corpo eram espíritos malignos que era urgente expulsá-los antes que ficasse como mirra. O pai e a mãe olharam um para o outro incrédulo, e perguntaram o que deviam fazer. Ficou marcada uma sessão de extração, pelas orações do prior no sábado próximo, na casa do mesmo, depois de terem passado pela igreja sós, se alguém quisesse acompanhar teriam de ficar na rua a cinquenta metros da casa. O Prior possuía uma técnica específica e para que resultasse, teria Maria Rita de retirar todas as roupas. Envergonhada a mocita exitou, e já o Prior acrescentava: - Se queres ficar doente o resto da tua vida… é contigo. Por fim a rapariga ingénua retirou todas as roupas, e o Prior foi-se aproximando lentamente, colocando as mãos no ventre da moça e descendo lentamente até à zona pélvica acariciando-a. A moça corava, mas ao mesmo tempo sentia as primeiras sensações do amor. Não ousava abrir a boca, e o predador concluiu que estava pronta. Já com o sexo ereto e fora, pegou na mão da rapariga e encostou-a contra um guarda vestidos, e já preparado com vaselina, possuiu a virgindade da proa enquanto esta saltava gritos, que cá fora os que tinham vindo para assistir, exclamavam: -Já estão saindo… coitada como deve sofrer! Maria Rita trazia a lição bem estudada do seu predador, o mostrou-se mais sociável, e do acontecido nem um “pio” Maria Rita nunca mais dançou com homens. Gostava das brincadeiras, e quando tentaram apanhá-la para ir no “birgo” que eram os quatro molhos últimos da “meda”, escondeu-se durante todo o dia em casa de uma velhota, onde não podiam encontra-la. Trabalhou no campo até aos trinta e cinco anos, não se furtando a qualquer tarefa. Tinha pêlos na benta e casar só por milagre… que aconteceu, com um homem que regressava do estrangeiro. Na noite de núpcias, o Américo e o Carlos, depois de jantar, já alta noite, aguardavam junto de uma velha casa, esperando que a cabra se “esbarracasse”,, como eles diziam, e o que ouviram foi a maior surpresa do mundo. A versão que o marido exigiu, quando verificou que a virgindade que toda a gente propagava era uma simples ilusão. Contudo tiveram uma filha linda educada n’um colégio de freiras.

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