sábado, 8 de janeiro de 2022

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Voltar ao passado por António Braz Se um dia voltares a ser novo, lembra-te de mim… daqueles tempos que confiávamos uns nos outros. Das confidencias que só um ao outro fazíamos. E riamos como crianças que eramos. Ás escondidas de olhares indiscretos. No silencio das noites que nos gelavam os pés e as palavras aqueciam os corações. À sombra de árvores que calavam. Os nossos segredos eram irrisórios, mas eram nossos! Lembras-te? Já não. Porque o vento varreu as ruas por onde passávamos vezes sem fim. E o mar passou uma borracha sobre os sentimentos que um dia escrevemos naquela praia deserta onde só as gaivotas andavam de um lado para o outro. Desafiando-nos já não me lembro bem a que jogo. Nesse tempo eramos amigos. Ou talvez fingíssemos ser. Porque hoje já não somos. Não me perguntes a razão. Aprendi a lidar com a indiferença. Com palavras que se gastaram no tempo. Com o que tanta importância teve e hoje é considerado fútil. Já não creio que a amizade possa resistir às tormentas de afetos combalidos. Como na canção o pouco ou nada que ficou, e o que lá vai bey bey. Se um dia voltares a ser o que foste, não me esqueças…fui padrinho de todos, embora só alguns fossem meus verdadeiros afilhados. Esquecer-me não é fácil. Difícil é lembrar-me que os meus atos foram esquecidos. Amigos por interesse nunca quis. Sou ingénuo, mas genuíno Não invejo os que subiram a escada a pulsos, e aos outros também desejo felicidade. Não sou anjo, nem demónio, mas tenho sentimentos! E dói-me tanto! Quando passo por ti e mudas de passeio ou finges não me ver… As situações sociais não deveriam interferir com o coração. Lembra-te que fica cá tudo. Se não voltares a ser novo, tenta ser um velho digno das promessas que o vento varreu, o mar levou para longe, e as gaivotas jogara

2 comentários:

Anónimo disse...

No lugar, onde nasceu e cresceu, onde havia o mar e as gaivotas? Qunto, muito, uma ribeira!..

antonio disse...

Anónimo obrigado pela visita e critica que deixo ao seu critério de interpretação. É verdade que na terra onde nasci só havia uma ribeira de água cristalina que desaguava em qualquer sítio. Talvez no Algarve de onde o Sr. deve ser dono assim como das outras praias de Portugal? No meu texto se estiver atento e de boa fé, não digo que nasci na praia, mas sim que escrevi sentimentos que foram barridos pelas águas. Saí muito novo de casa dos meus pais, tive tempo e a possibilidade de percorrer lugares sagrados que para si são simplesmente uma incógnita. Volte sempre mesmo que seja a falar do desconhecido, Cumprimentos