segunda-feira, 10 de julho de 2023

Tinha trinta e cinco anos e o curso de advogado feito em Coimbra, quando ainda era alguém, e por ele pensava, fazia projetos, sonhava ter uma grande família, uma casa modesta, mas agradável num lugar sereno e tranquilo. Foi desde sempre o orgulho dos seus pais que com grandes sacrifícios iam mantendo a esperança de poderem dar ao filho único, para alem do amor e carinho, um curso superior, mesmo rastejando e privando-se de alimentação, automóvel e tudo que viesse a agravar o orçamento magro que fruíam com poucos bens, mas enorme vontade sabendo que o filho era inteligente e tinha grandes capacidades de atingir o objetivo fixado. Quando queimou as fitas de fim de curso reparou como os olhares dos pais brilhavam no meio da multidão como estrelas no céu, cintilantes e felizes por ter conseguido. Um almoço modesto num restaurante que deixava a desejar, e aquele abraço que queria dizer tudo. Voltaram para casa, e Jorge começou a sentir o peso da responsabilidade, que se encontrava agora do seu lado para encontrar trabalho. Ordenou o seu curriculum e começou a fraquejar só em pensar que a empresa onde estagiou não o escolheu para ficar entre 6 colegas. Porém teria de ir à luta para não desiludir aqueles que retiraram o pão da boca para que ele pudesse ser diferente e ter um viver digno e respeitado. Todos os dias saía ou enviava e-mails procurando a redenção em qualquer gabinete de advogados. Desperdiçou o tempo em que as mulheres mais ou menos da sua idade lhe segredavam ou ouvido que era atraente e simpático. A resposta era sempre: tenho de estudar. Teve duas rápidas aventuras com mulheres que não faziam o seu género, mas, não era a sexualidade prioritária na sua vida. Instalado na residencial saía muito pouco visto o dinheiro nos bolsos também não pesar. Tinha-se acostumado a um pacato viver com muitas restrições pelo caminho. Não tinha amizades que lo ajudassem a subir a escada, teria de contar com a sorte e ela não queria nada com ele. Palmilhou km, bateu á porta de centenas empresas e gabinetes de advogados para receber um não categórico nu como estava ficando o seu cérebro. Tentou vários empregos precários para aliviar o peso monetário dos pais, mas não desejava permanecer nesta espiral depois de tantos esforços para conseguir o que desejava e pensava ser facultado um trabalho bem remunerado com estabilidade. Os dias foram passando num desespero que agitava também os progenitores convictos de facilidades que não existem em profissão alguma. Jorge andava numa pilha de nervos muito próximo da depressão nervosa. Seus pais já com poucas posses, caiu-lhes um freixo em cima quando tentavam cortá-lo para alimentar a lareira no inverno tiveram morte instantânea. A vida para Jorge deixou de ter sentido, caindo no alcoolismo e más frequências que o arrastavam lentamente para um abismo invisível. Vendeu os poucos bens que os pais possuíam, e até mesmo a casinha frequentando casas de jogos proxenetas, drogas e prostituição como um vadio sem educação e um vazio na bagagem do qual tentava vingar-se.»»» continua AB

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