Hoje foi dia de alheiras…Bem cedo ainda mal se via,
acendemos a lareira, enchemos os grandes potes de água, e toca a “afolar” para
que fervessem o mais breve possível. Duas galinhas de grande gabarito, entraram
para dentro, temperadas com sal, umas malaguetas, Louro (loreiro) acompanhadas
de meia cabeça de porco, ossos da “suã”, uma queixada a meio sal, e assim se
preparou a calda, para depois de ferver durante duas horas e tal, picar a carne
miudinha e misturar ao pão que tinha sido cortado previamente, em fatias de
pouca espessura, para melhor poder amaciar e depois de tudo junto se tornar na
massa, pronta para os enchidos. O pimento doce, a salsa e outros ingredientes
vieram completar, a massa pronta para os enchidos.
As tradicionais matanças, no Nordeste Transmontano,
continuam sendo preponderantes, e muito apreciadas, tanto nas casas
particulares como, cada vez mais frequentemente, os restaurantes, servem os
enchidos afumados como entrada, ou integram na gastronomia provincial
acompanhadas das famosas casulas, cozido à Portuguesa, e de numerosas maneiras,
sabendo que a maioria da clientela gosta mesmo sabendo que ajudam ao excesso de
colesterol e outras doenças cardiovasculares.
A feira do fumeiro realizada recentemente em Vinhais, a qual
aumenta de ano para ano de visitantes, é a prova bem presente e implantada, num
comércio gastronómico caro mas gostoso.
Infelizmente de caseiro já pouco resta, no que respeita a
alimentação dos animais, os quais outrora eram criados com produtos naturais biológicos,
como a castanha, beterraba, batata, farelos de cereais, milho, cabaças, e até
folhas de olmos, enrolados em farinha e água. As rações vieram substituir estes
produtos para prejuízo do sabor e conservação. A forma de fumar os enchidos, sejam
de carne ou de massa, é igualmente preponderante, porém comem-se hoje, mais
frescos e grelhados, com o café da manhã, à merenda, junto de uma boa lareira,
acompanhados de uma boa pinga caseira. São realmente mimos, para os que vivem
nas cidades e não tem a possibilidade de criar um porquinho, nem fazer os
salpicões, linguiças, alheiras, butelos, e mesmo os azedos chamados de “palaiotos”.
Todos estes produtos confecionados em casa, custam bastante
caro e requerem atenção e tempo, mas o resultado é motivador, embora se tenham
perdido muitas maneiras, de celebrar a matança do porco e o dia das alheiras,
que se fazia uma grande ceia especial, convidando os familiares como se se
tratasse de uma verdadeira festa. Eram noites maravilhosas de convívio, alegria
e boa disposição que hoje lembramos felicíssimos desses bons velhos tempos.
Sem comentários:
Enviar um comentário