quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Hoje foi dia de alheiras

Hoje foi dia de alheiras…Bem cedo ainda mal se via, acendemos a lareira, enchemos os grandes potes de água, e toca a “afolar” para que fervessem o mais breve possível. Duas galinhas de grande gabarito, entraram para dentro, temperadas com sal, umas malaguetas, Louro (loreiro) acompanhadas de meia cabeça de porco, ossos da “suã”, uma queixada a meio sal, e assim se preparou a calda, para depois de ferver durante duas horas e tal, picar a carne miudinha e misturar ao pão que tinha sido cortado previamente, em fatias de pouca espessura, para melhor poder amaciar e depois de tudo junto se tornar na massa, pronta para os enchidos. O pimento doce, a salsa e outros ingredientes vieram completar, a massa pronta para os enchidos.
As tradicionais matanças, no Nordeste Transmontano, continuam sendo preponderantes, e muito apreciadas, tanto nas casas particulares como, cada vez mais frequentemente, os restaurantes, servem os enchidos afumados como entrada, ou integram na gastronomia provincial acompanhadas das famosas casulas, cozido à Portuguesa, e de numerosas maneiras, sabendo que a maioria da clientela gosta mesmo sabendo que ajudam ao excesso de colesterol e outras doenças cardiovasculares.
A feira do fumeiro realizada recentemente em Vinhais, a qual aumenta de ano para ano de visitantes, é a prova bem presente e implantada, num comércio gastronómico caro mas gostoso.
Infelizmente de caseiro já pouco resta, no que respeita a alimentação dos animais, os quais outrora eram criados com produtos naturais biológicos, como a castanha, beterraba, batata, farelos de cereais, milho, cabaças, e até folhas de olmos, enrolados em farinha e água. As rações vieram substituir estes produtos para prejuízo do sabor e conservação. A forma de fumar os enchidos, sejam de carne ou de massa, é igualmente preponderante, porém comem-se hoje, mais frescos e grelhados, com o café da manhã, à merenda, junto de uma boa lareira, acompanhados de uma boa pinga caseira. São realmente mimos, para os que vivem nas cidades e não tem a possibilidade de criar um porquinho, nem fazer os salpicões, linguiças, alheiras, butelos, e mesmo os azedos chamados de “palaiotos”.

Todos estes produtos confecionados em casa, custam bastante caro e requerem atenção e tempo, mas o resultado é motivador, embora se tenham perdido muitas maneiras, de celebrar a matança do porco e o dia das alheiras, que se fazia uma grande ceia especial, convidando os familiares como se se tratasse de uma verdadeira festa. Eram noites maravilhosas de convívio, alegria e boa disposição que hoje lembramos felicíssimos desses bons velhos tempos.



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