Destinos e destinados
Uma história de ficção científica do meu manuscrito que data
dos anos 78. Vou tentar resumir com as menos páginas possíveis, o que não vai
ser fácil, sabendo que engloba 6 cadernos de 120 páginas.
Não sendo considerada uma história de amor, tentei elaborar
através das personagens, acontecimentos fatídicos, expandidos por terras onde a
ingenuidade frágil e vulnerável, se expunha aos poderosos de bom ou mau grado,
sem direitos de rebelião, e desinteresse que determinados acontecimentos
viessem à tona da água.
A Fernanda, abalou um certo dia, após uma quezila com o pai,
para o Porto onde uma amiga lhe arranjara uns patrões para trabalhar como
criada a tempo inteiro. Tinha então dezanove anos, pouca experiencia, e a vida
citadina era uma descoberta agradável para a jovem acostumada à rudez no
cultivo dos campos, e às frequentes agressões verbais, por parte da
paternidade. A sua formosura não obtinha o realce merecido, por culpa das
vestimentas simples e pálidas, do seu cabelo ao vento, mas sobretudo porque
nunca soube o que era maquilhagem… tinha uns lindos olhos verdes, face
pigmentada, e boca polposa, esbelta, mas sempre com ar tristonho, como quem
vive a vida por viver… nunca tinha namorado, apenas se afeiçoou por um rapaz da
terra mas não era correspondida… meses depois, já bem integrada no seu rodeio,
começou a notar os olhares persistentes do Carlos, filho do patrão, belo homem,
e quando se deu por conta, estava completamente enfeitiçada, hipnotizada, como
tantas outras vitimas deste sedutor nato, irresistível.
Filho único, de pais abastados, o Carlitos frequentou a
Universidade de Direito, mas, a meio do curso achou que era uma maçada,
resolveu abandonar, sem ponderar nem respeitar o desejo dos pais. Dedicava-se
exclusivamente ao laxismo vaidoso com engrenagem abusiva, descomplexado, com
princípios arcaicos, fundamentados em valores de superioridade e inferioridade.
Não tinha beleza interior!
Oficialmente namorava com a Paula, de 23 anos de idade,
loira natural, alta, magra, pele fina, esbranquiçada, que estava acabando o
curso de Economia, um arranjo familiar, num jantar marcado na propriedade para
o efeito, mas que o Carlitos, demonstrava afeição protocolar, para não
contrariar os projetos idealizados pelos progenitores, os quais prezavam a
preservação do império herdado.
A sua verdadeira namorada, aquela a quem demonstrava ter um
tacanho de amor, a Júlia, vivia nos arredores do Porto, junto da casa do campo
da família, onde iam frequentemente passar os fins-de-semana, andar a cavalo,
dar uns mergulhos na piscina, fazer picnics, ou jogar golfo, conjuntamente com
pessoas da alta sociedade. Era uma linda moça, teria sido miss Beira Alta, mas,
de uma rebelião desconcertante, o que deixava muitas vezes o Carlitos
desesperado, mas ao mesmo tempo, excitava-o encontrar alguém capaz de fazer
frente aos seus caprichos de menino mimado… às escondidas dos olhares curiosos,
discretamente, arranjava encontro com ela sempre no campo, em lugares pouco
frequentados, e apesar da moça apenas ter concluído a escola secundária,
aprendeu muito na escola da vida… sabia defender-se, embora tivesse um
fraquinho pelo sedutor.
Este ritual de namoro proibido durou alguns meses sem que
ninguém se apercebesse. Porém, o Carlitos, não era de contentar com palavreado
barato, com a troca de um sorriso passageiro, um piscar de olho rápido, o
beliscar de uma nádega num canto discreto, um beijo roubado enquanto o tempo
passava veloz. Só no seu quarto, pensava na maneira de armar a ratoeira…estabeleceu
com todos os pormenores, a passagem aos atos machistas, não fosse perder as
proas ali junto dele, à sua mercê.
2 comentários:
Dei uma espreitadela. Deixo um abraço.
Bem-haja pela espreitadela... esteja à vontafe como na sua casa... para mim é com grande prezer que retribuo o abraço.
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