quinta-feira, 8 de maio de 2014

Das pontes Fernando Calado

...das pontes
As margens são as mesmas e o tempo não conta quando se espera chegar ao outro lado onde há uma fonte, uma cabana e um pássaro que não se cansa de cantar. É verde… E todo o ano canta e todo o ano cheira a madressilva e à flor da esteva que se faz martírio nas cinco chagas de Cristo. Redenção!...no recato dos montes.
A velha ponte…esperou pacientemente e passaste…e de novo voltaste à tua aldeia e tiveste medo dos homens e do amor. Quando voltares haverá uma nova ponte, mas o rio será o mesmo…. Um rio que espera enquanto canta…outras vezes chora e vai lavando as mágoas e polindo as pedras para que se façam partida e viagem depois da longa espera. A água do rio amacia a tua sede enquanto sonha com o mar que tarda.
À noite regressas sempre…e daí a urgência de construir pontes e sentir o fascínio das alturas…passar para o outro lado. Arriscar….Enquanto os olhos mergulham no segredo que habita no coração do rio e não se diz, só se sente….e no horizonte há um arco-íris em jeito de abraço! É o teu sorriso!
…não tenhas medo!


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