quinta-feira, 15 de maio de 2014

REFLEXÕES



A vida não tem planeamentos. Ela é como o vento que muda o rumo da maré, carrega o papagaio pra longe de nós e faz os ponteiros do relógio alterarem os nossos planeamentos ao virar do tempo. A vida não se define, pois está sempre em eterna construção. É o inacabado, porém sempre completo. O incorreto, mas que acerta em cheio nos erros cometidos. A vida não tem explicação. São as chegadas que não trazem nada e as partidas que deixam tudo pelos cantos. É o que se acumula na alma, mas não pesa. Porque a vida é sempre leve se a soubermos levar com paz. Morre quem não sabe   aproveita-la, é eterno quem cultiva o amor. A vida não tem lógica. É o ancorar com um balão, conhecer as nuvens no fundo do mar. Porque viver é saber que a lei da gravidade ésomente o que inventaram para a gente não voar. Viver é planar sem planos, rimar sem
 
                        

rumos e amar sem amarguras. O curto espaço entre nascimento e óbito não é vida, estes são somente os anos. A verdadeira vida estende-se no curto espaço de entrelaçar as mãos, abraçar uma alma ou beijar calorosamente a quem se gosta. No curto espaço… 

eu afastei-me. Afastei-me daqui, afastei-me das pessoas, afastei-me da vida, mas acho que era só para pensar. Pensar um pouco nos erros que ando cometendo, nas vontades que ando tendo, nos medos que me afligem cada vez mais. Pensar nesta súbita e inesperada mudança, e se isso está sendo bom para mim

Acho que às vezes precisamos disso, de uma breve pausa, para rever os nossos conceitos, para voltar a ser o que éramos, ou para simplesmente seguirmos em frente, mudarmos, tomarmos novos ares, seguirmos novos rumos. Será que me vou redimir com este afastamento? Que a vida vai mudar, e as feridas vão sarar?
 Talvez os ponteiros do relógio retomem a rota no bom sentido… e as horas passem mais rápidas nas tormentas dos dias tempestuosos. Podem voltar os segredos e tomarem o rumo predestinado, entrarem naquela gaveta onde
 
se guardam os corações palpitantes, as lindas frases que nos fazem estremecer, o perfume incomparável que reconhecemos entre tantos outros… as nossas mãos não voltarão a entrelaçar-se, e o tempo tornar-se-á tão longo que o desespero que me tenta pressionante, pode vencer a batalha…

2 comentários:

Fátima Pereira Stocker disse...

Tens razão, Tonho: a vida é um improviso. Às vezes, aquilo que fazemos ou dizemos calha bem com aquilo que os outros fazem e dizem. Outras vezes não. Paciência, até porque, como dizia o nosso poeta, urgente é o amor:

"É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer."

(Eugénio de Andrade)

Beijos

antonio disse...

Mais uma vez obrigado pela visita, Fátima. Gostei do poema.
desculpa por não me alongar mais no meu comentário mas, não ando bem...
Beijos