segunda-feira, 1 de setembro de 2014

De volta a casa

 Findas as férias, que a maioria dos “felizardos” pedem para o mês de Agosto, sendo mais um a ficar nos anais históricos das boas recordações, que talvez anos mais tarde os jovens relatem nostalgicamente, mas sempre com a paixão das sementes lançadas à terra, que enraizaram, nasceram, cresceram e deram frutos, orgulhosamente propagados pelos quatro cantos da terra amada. A felicidade destes momentos anuais, dura apenas uns tempos, aproveitados ao máximo, conscientes de que no fim do mês, a viagem de regresso ao local predestinado para o desenvolvimento de uma carreira, ao abrigo do lar onde vivem os entes queridos, por força dos acontecimentos e vontade de dar sempre mais e melhor aos familiares ainda que submetidos a sacrifícios, contrariedades, e obrigações, é uma realidade, penosa para alguns, embora muitos sejam já os jovens nascidos e criados noutros universos, desejosos de voltar, ao que eles chamam a civilização, stressante, poluída, de comunicação restrita, mas que faz parte integral do seu dia-a-dia que prezam ainda que os mais velhos repitam vezes sem fim, algum desagrado, só porque no tempo deles não era assim… não era de facto, porém, a evolução das gerações é uma realidade contundente de objetividade marcante que nos subjuga impetuosamente a seguir com lentidão, outros caminhos menos sinuosos, mas mais convencionais, eloquentes, enfim… concisos!
 A Aldeia voltou também à exagerada tranquilidade, pacatez caraterizante, com um “cibinho” de pena, que se reflete nos rostos enrugados queimados pelo sol ardente, de um verdadeiro verão vindo com atraso, e  nos fúteis sorrisos, na troca de rápidas frases sem se olharem olhos nos olhos, na inveja de o próximo possuir uma agricultura mais produtiva, no sobressalto de ouvir o sino tocar a “sinais”, porque como diz e repete o padre; todos nós temos o dia marcado para a longa viagem das tormentas, já com a obra realizada, e a pelicula a indicar o fim…
Gostava parabenizar os numerosos emigrantes, vindos de todas as partes do Mundo,  para perpetuar as tradições vivas e presentes nos seus íntimos, e ao mesmo tempo dar nova vida, aos residentes permanentes, carentes, e sempre desejosos de que todos vós venhais, com saúde e na paz do senhor.
Muitos foram também os que responderam presentes residentes no País, em diversas localidades. Esta migração suscita erradamente mais consideração, respeito e talvez apreço não justificado pela dignidade da cidadania, que a emigração para outros Países. Não é desonra ir procurar uma vida melhor onde nos é proporcionada… pelo contrário. O chauvinismo pode considerar-se um defeito quase sempre expresso por pessoas com magra percentagem de humanismo.

Tive uma conversa muito animada com o João sobre a Emigração dos meus tempos, que já foi muito diferente no bom sentido, da dos anos 64, onde as dificuldades eram imensas, e as condições de vida bastante precárias. Hoje, felizmente, com a nossa presença na EU, assiste-nos o direito a determinados privilégios, nomeadamente equivalências, pelo que não receiem tentar a aventura que só vos pode trazer benefícios. Eu, voltaria sem hesitar a enveredar pelo mesmo caminho, ficando eternamente grato ao Pais que me acolheu, me ensinou a escola da vida civilizada, dando-me tudo para ser feliz.

2 comentários:

Fátima Pereira Stocker disse...

Tonho

A diferença entre uns e outros é apenas uma: uns precisaram de passaporte e os outros não. No mais importante são (somos) iguais, pois todos tiveram de deixar a sua terra para construírem a vida. A saudade não se mede por quilómetros, mede-se pela ausência.

Beijos

P.S. Tive pena de te só ter visto aquele bocadinho.

antonio disse...

Olá Fátima! tens razão; a distancia não altera as saudades, embora atenue um Cibinho quando nos sabemos perto do berço maternal... Este meu texto tem como finalidade incentivar as pessoas a seguir, se precisarem, os conselhos de alguns elementos governamentais, sabendo dos sacreficios esforçados para conseguir um curso superior, que não pode exercer, esperando o que nunca mais chega, ou chega tarde demais...
Também eu lamento não ter podido estar contigo mais tempo para conversar.... acontece que estivemos todos juntos durante muito tempo para definir a partilha dos poucos bens, e assuntos referentes aos nossos pais. Foi igualmente um mês complicado para mim em termos de saude com diversos exames gastricos, as devidas biopsias, com as deslocações frequentes aos lugares competentes, que como sabes é bastante cansativo e desmoralizador. Mas, está tudo bem, graças a Deus. Sabes que nem à festa de cá assisti? Mas não faltarão ocasiões, fica o desejo... Obrigado pela visita e comentário.
P.S. Faz-me o favor de não deixar desvanecer o nosso blog. preferido... tenho tantas saudades dos textos dos colaboradores... Beijos