terça-feira, 9 de setembro de 2014

Festas e Romarias

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A Sra. Da serra é uma das romarias preferenciais dos povos que a ladeiam. Em tempos as deslocações dos peregrinos faziam-se a pés, por promessas e outras razões, sobretudo pela falta de automóveis e o péssimo estado das estradas sem asfalte, com exceção a da ligação a Bragança. Os sacrifícios feitos pelos peregrinos cujas devoções consagravam com resultados positivos sobre as promessas muitas delas feitas em momentos de desespero, subjugando os promissores, a sacrifícios sub-humanos, martirizando os corpos para descansar a alma com a obrigação cumprida. Recordo-me dos rostos que exprimiam a dor, dos joelhos ensanguentados após duas três ou mais voltas, ajoelhados, ao santuário, em tempos em terra batida, cheio de areias que penetravam a carne até aos ossos… havia quem fizesse dezenas de quilómetros com um ou dois alqueires de centeio às costas para ofertar à Virgem que protegeu os cereais das trovoadas, único meio de sobrevivências para os numerosos agregados familiares. Qualquer doença que surgia no seio familiar, servia de pretexto para o poder milagroso da Senhora da Serra. O Santuário, colocado no topo da serra da Nogueira, para segundo informações recolhidas, poderem comunicar visualmente, todas as senhoras situadas nos diversos lugares, mas sempre em altitude bastante elevada.
 As recordações mais aprazíveis da minha infância, referentes ao dia 8 de Setembro, situam-se no facto do ambiente convivial, partido logo de manhãzinha, aos grupos de velhos e novos, com os farnéis de merenda às costas, segundo os meios de cada um, radiantes e sem cansaço, jubilando por caminhos agrestes, cheios de percalços, mas que nos conduziam sempre ao Santuário da Senhora da Serra, Chegados aí, com um suspiro de alivio, após duas horas de marcha, visita obrigatória à igreja, ofertar segundo os meios, uma coroa, e seguir para as tendas a fim de comprar a prenda (suvenir) para entregar á pessoa amada. O baixo custo, a utilidade eram de mera importância; mais importante era saber que não nos esquecemos. Recordo-me da prenda que uma moça, por quem tinha um fraquinho de amizade misturado com “réspias” de amor, um porta chaves de um cubo transparente, o qual me deixou felicíssimo ao ponto de vir a apaixonar-me loucamente por ela.
 Depois da Eucaristia, tocava ao “rancho” por entre fragas e carquejas, estendiam-se as toalhas para saborear as merendas, com uma vista espetacular para qualquer lado que nos virássemos. De volta a casa, no final da tarde, tentávamos por todos os meios encontrar transporte nos proprietários de tratores, que receavam os da farda amarela, escondidos nas carvalhas, e nós quando os avistávamos de longe, dispersávamos-mos como coelhos pelo monte fora.O Santuário continua repleto de multidões vinda dos quatro cantos da região, para assistir à eucaristia e à procissão cuja tradição não modificou em nada

6 comentários:

Anónimo disse...

Linda esta imagem de Nossa Senhora! A paisagem também!

Um abraço

antonio disse...

Bem-haja pela visita e comentário Sr(a) anónimo. Retribuo o abraço

Fátima Pereira Stocker disse...

Tonho

É bem verdade tudo aquilo que escreveste sobre o passado. Mas, mesmo agora, muitas pessoas de Rebordaínhos continuam a preferir deslocar-se a pé à Senhora da Serra. Já se não vê ninguém com os alqueires de pão à cabeça, mas a devoção de quem a tem permanece igual: Nossa Senhora da Serra não tem rival aí para os nossos lados.

Gostaria de poder ver todas as fotografias, mas o link não lhes dá acesso.

Beijos

antonio disse...

Olá Fátima.Para mim a ida à Sra. da Serra continua a causar "Frissons" como se o local tivesse algo de mágico... sinto-me numa paz indiscritível...a restituição do oxigénio que nos falta "ailleurs" a paz serena e saudável da qual tanto necessitamos.
Quanto ao não poderes aceder ao ajbum das fotos, lamento e agradeço-te por me comunicares, porque eu com a sessão iniciada pesnsei que todos teriam acesso. Modifiquei o link agradecia que me dissesses se já é possível . Obrigado. Beijos

Fátima Pereira Stocker disse...

Tonho

Agora sim, já vi tudo: muita gente a seguir os andores da Senhora e de Santa Teresinha. Notei comoção em muitas delas, que tu soubeste captar. Notei também aquelas sequências próximas que te permitiram brincar com a animação.

Reparei numa figura que me fez sorrir: quem seria aquele homem grisalho, de aspecto hippie, mas que enverga um colete do Che revolucionário?

E reparei mais: estás um modernaço - até aderiste à moda das "selfies"!

Beijos

antonio disse...

Fátima: mais uma vez agradeço por teres voltado com as tuas preciosas observações, assim como a informação de que toda a gente pode ver o album, que alguns recordarão nostalgicamente, e outros sentem como estando presentes. Beijos