quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
domingo, 27 de dezembro de 2015
EDEKA Weihnachtsclip - #heimkommen
A história é de um idoso que chega a casa do supermercado e ouve as mensagens dos filhos a dizer que não podem ir passar o Natal com ele, prometendo que o fazem no próximo ano. Mas parecem passar três anos e ele continua sozinho na noite de Natal.
A ação passa depois para os filhos e netos que recebem mensagens e cartas com a notícia de que o pai morreu. Regressam então a casa, de luto, mas quando entram encontram a mesa posta para todos e o pai na cozinha. "De que outra forma conseguiria que estivéssemos juntos?", pergunta.
As lágrimas transformam-se em risos à medida que a família se reúne para o jantar.
"É tempo de voltar a casa", diz o slogan do anúncio.
Fonte: DN
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Estes são os utentes que partilham o lar de idosos de Rossas. Ornamentam originalmente o pinheiro nesta quadra Natalicia, obra carinhosa das empregadas inspiradas, que suscitou aos que visitaram grande admiração, uma árvore colada à parede e suspensos nos seus ramos os rostos escondendo a dor, manifestando uma felicidade sómente aparente, enquanto aguardam a chegada de alguns familiares, apressados que vem marcar presença e sairem de consciência aliviada convictos do dever cumprido.
-Aqui estão bem... - murmuram os que nem coragem tiveram para levá-los passar o Natal junto deles...
...E eles pensam serem considerados "pantins" tal como exemplifica o boneco realizado com copos pelas creativas mãos que tentam sempre, dia após dia, conciliar o sofrimento com o bem-estar, envoltos em recordações, de tempos idos e que jamais voltarão, desiludidos, endrominados, pelos que acarinharam em tempos úteis, e sempre amarão, mesmo quebrando as promessa feitas de fazerem com que nunca abandonem o único lar que abrigou sacrificios e tormentos, mas também muitas alegrias e amor sem fim.
Existem 86 lares no Distrito de Bragança deixo as ligações, de alguns deles, basta clicar na correspondente ligação.
rossas http://www.csprossas.org/tour.html
rossashttp://www.csprossas.org/#
arrifana http://www.larsantamarinha.com/
- Alfandega da Fé (3)
- Bragança (21)
- Freixo Espada à Cinta (6)
- Macedo de Cavaleiros (10)
- Miranda do Douro (4)
- Mirandela (18)
- Mogadouro (3)
- Torre de Moncorvo (8)
- Vila Flor (3)
- Vimioso (6)
- Vinhais (3)
86
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O presépio de Rebordainhos este ano pobrezinho |
sábado, 19 de dezembro de 2015
NATAL
O Natal é a pérola das
festividades religiosas. Simboliza o nascimento, a paz, alegria e amor… aquilo
que nos foi concedido para doar, durante um percurso traçado entre flores e
espinhos, alegrias e tristezas, saúde e doença, amor e ódio, vaidade e humildade,
avareza e generosidade… o tempo vai passando… aparentemente lento como o andar
da tartaruga… mas corre, corre como o vento que sopra e não vemos… acariciando
levemente o presente ou trazendo à memória azedume que um dia provámos… não se
sabe para onde corre tão veloz, nem o que vai encontrar pelo caminho… será um
futuro longo e risonho? Pode também ser a tempestade que arrasta para o
desvairar? Um dia, um ano, tantos dias e tantos anos… buscando o que sempre nos
falta; aquilo que tanto desejaríamos ter ou ser! E… de repente tudo se apaga;
escureceu. As ondas do mar apagaram o que o destino escreveu na praia de areia
fina, num dia de verão onde os raios solares se misturaram com as gotas de
chuva caindo do céu… que lindo arco-íris! – Murmurava a criança pela qual ainda
tinham apenas passado seis anos, extasiada com o deslumbre da magnificência
colorida. Lá longe, onde o sol castiga mais, não há pão para comer nem água
para beber… as pernas não suportam o corpo… caem no chão árduo como árvores
fulminadas por chispas… e não veem uma única luz! … Nesta quadra Natalícia onde
tudo se enfeita… cintilam as bolas que ornamentam pinheiros, ruas, montras, nas
terras da abastança, enquanto noutras caem bombas matando e destruindo,
inocentes e os lares que lhes serviram de abrigo enquanto fumavam o cachimbo da
paz…
Prendados e felizes,
quem se lembra de um amigo que tropeçou nos obstáculos mundanos, neste dia
chamado de “réveillon”? É lindo! Sim, é lindo ver toda a família reunida em
volta de um repasto tradicional numa confraternização que esperou numa lista de
contratempos, enquanto o vento passava, e não parava às nossas portas… Que
magnifica recompensa! O Mundo foi assim concebido e pouco ou nada podemos fazer
para transformá-lo. Vale a pena encher a barriga um dia a um mendigo sabendo
que passará mais 364 cheio de fome? E quantos como ele cariciam de ajuda?
Podemos sim abençoar ou amaldiçoar o destino justo e injusto e não cair na
tentação da autodestruição e cingirmo-nos
com abnegação à frustrada cobardia…
Amigos e filhos de
Murçós, deem o primeiro passo no sentido correto da cidadania cívica, dever que
vos possais orgulhar, e gritar, como o pastor que conduz seu rebanho, alto e
bom som, aqui estou minha família, meus amigos de agora e de sempre, meus conterrâneos
inesquecíveis, para louvar condignamente as raízes que me prendem à terra e não
ao toque dos sinos dando “sinais”.
Desejo-vos do coração,
onde quer que vos encontreis, assim como aos visitantes, um Felicíssimo Natal e
prospero ano 2016, que a arca de Noé se encha de tudo o que mais precisarem e desejarem.
Saudoso abraço
domingo, 6 de dezembro de 2015
O dia da burra
O dia da burra, ou (matar a burra) são tradições vindas dos
nossos antepassados que ainda hoje prezam os que : após o esforço o reconforto…
foi um bom ano de produtividade, as oliveiras despiram-se dos seus frutos, e o
azeite cor de ouro já corre nas torneiras dos lagares especialmente no de
Ferreira, artesanal que a maioria das pessoas peritas nos sabores escolhem,
para consumo pessoal… não dá para as encomendas, pois todos querem fazer o “azeitinho”
ao mesmo tempo e o proprietário, que é amigo de toda a gente não pode fazer
milagres…
O cordeiro que o Beto criou esperava-nos para o almoço neste
Domingo para festejar dois eventos; o final da recolta da azeitona e o
aniversário dos gémeos mais crescidos. Uma mesa digna de um “manjar” de “pachás”
que a tia Maria e a Ângela prepararam com ajuda de outros, pois como se pode
verificar na foto eramos numerosos e de bom dente!
Não faltou nada nesta mesa harmoniosa onde o humor prevaleceu
do princípio ao fim do repasto rico. Confraternizar é uma das principais
riquezas da gente rural que não se poupa ao trabalho, mas, quando toca a encher
a “mula” neste caso a burra, para a frente é que é o caminho. Esta humildade e
generosidade ainda se encontram em terras do Nordeste Trasmontano, graças à
filosofia da entreajuda, partilha, e consideração que superam propósitos menos
dignos e inocentes, porque falhas quem as não tem?
podem ver fotos de lagar AQUI
domingo, 29 de novembro de 2015
Os azeitoneiros 2015
Novo
ano de abundante azeitona, cuja recolta começou mais cedo, primeiro porque o
tempo permitia, segundo porque o verão veio quente, e por conseguinte caía, mal
começava a estar preta. O segundo melhor olival do mundo! – Comentávamos eu e o
Vítor (poulo) que veio de baixo mais uma vez visitar o lugar onde tem raízes profundas,
e ao mesmo tempo apanhar a azeitona – o olival dele é o 1º do mundo – que ficou
adiada para Segunda-Feira lá para os lados das covas ou vale de raposo, segundo
critérios. Voltando ao Vítor, creio ser do melhor que se criou em Murçós, tanto
em humildade como simpatia… uma pessoa íntegra, capaz de ajudar o próximo sem
qualquer espécie de pretensão interesse ou coisa que se valha… nunca chega de
mãos vazias; um agrado para ele vale todo o ouro do Mundo… desta vez foi o pão-de-ló que
serviu para a sobremesa, e o vinho do porto para os aperitivos… porque o nosso jovem rancho, apesar de trabalhar, foram 60 sacas a baixo, brinca, canta, diverte-se com as “piadas” de hoje ou de outros tempos, onde a harmonia prevalecia sobre o cansaço, a união fazia a força, tanto para “derrubar” oliveiras”, como se diz lá para Ferreira, como para qualquer outro trabalho, que é o que não falta em Murçós, terra quente e fértil onde a faina cotidiana consequentemente, acabaram as castanhas começou a azeitona, a seguir vem as podas, sementeiras, arranca de batatas, vindimas e tudo o mais, desordenado no meu relato, e como se costuma dizer: - Há sempre que fazer, embora mal recompensado, pois a agricultura de pequeno “gabarito” onde o tradicional se sobrepõe ao modernismo mecanizado, devido ao terreno acidentado e às pequenas parcelas, anda pelas horas da amargura… quase é trabalhar
para aquecer… o esgotamento dos produtos fica-se por uma pequena cooperativa na sede do concelho, cujos preços baixos servem apenas e somente o interesse de quem lá trabalha e recebe um ordenado no final do mês… mas, voltando ao nosso rancho de azeitoneiros, e ao tempo maravilhoso de sol que se vive neste momento, é uma alegria saudável, para o corpo e espirito… as paisagens são de um esplendor primoroso… pelos campos ouvem-se máquinas manuais a roncar por todo o lado, e pessoas que nesta época invadem os campos carenciados de movimentos durante o resto do ano… boas merendas assadas e comidas na virgindade da natureza, mãe dos prazeres ópticos, e dos sabores biológicos, dos suores correntes ocultos por serras, vegetação que nos alimenta de oxigénio revitalizando o que outros tentam destruir com maldades mundanas, mentiras, falsidades, hipocrisia muita… vale a pena? Sim vale
mesmo a pena… tenham os citadinos todas as riquezas mundanas acessíveis e as comodidades confortáveis, que os arrastam para a avareza, que os incentivam ao isolamento de onde saem carregados de doenças psicológicas, e serão arrastados para uma cova como todos nós, e mais depressa que imaginamos… contam os mais idosos as belas histórias como se vivia antigamente nos locais rurais, e se divertiam depois do trabalho com meios restritos… é esta sanidade que dá alento aos persistentes que voltam de tempos, a tempos, ou definitivamente. Um pôr de sol como o que se vê nas fotos que servem a ornamentação só por terras puras… traçam no céu azul os aviões rotas que levam talvez ao progresso, mas os passageiros olham
serviu para a sobremesa, e o vinho do porto para os aperitivos… porque o nosso jovem rancho, apesar de trabalhar, foram 60 sacas a baixo, brinca, canta, diverte-se com as “piadas” de hoje ou de outros tempos, onde a harmonia prevalecia sobre o cansaço, a união fazia a força, tanto para “derrubar” oliveiras”, como se diz lá para Ferreira, como para qualquer outro trabalho, que é o que não falta em Murçós, terra quente e fértil onde a faina cotidiana consequentemente, acabaram as castanhas começou a azeitona, a seguir vem as podas, sementeiras, arranca de batatas, vindimas e tudo o mais, desordenado no meu relato, e como se costuma dizer: - Há sempre que fazer, embora mal recompensado, pois a agricultura de pequeno “gabarito” onde o tradicional se sobrepõe ao modernismo mecanizado, devido ao terreno acidentado e às pequenas parcelas, anda pelas horas da amargura… quase é trabalhar
para aquecer… o esgotamento dos produtos fica-se por uma pequena cooperativa na sede do concelho, cujos preços baixos servem apenas e somente o interesse de quem lá trabalha e recebe um ordenado no final do mês… mas, voltando ao nosso rancho de azeitoneiros, e ao tempo maravilhoso de sol que se vive neste momento, é uma alegria saudável, para o corpo e espirito… as paisagens são de um esplendor primoroso… pelos campos ouvem-se máquinas manuais a roncar por todo o lado, e pessoas que nesta época invadem os campos carenciados de movimentos durante o resto do ano… boas merendas assadas e comidas na virgindade da natureza, mãe dos prazeres ópticos, e dos sabores biológicos, dos suores correntes ocultos por serras, vegetação que nos alimenta de oxigénio revitalizando o que outros tentam destruir com maldades mundanas, mentiras, falsidades, hipocrisia muita… vale a pena? Sim vale
mesmo a pena… tenham os citadinos todas as riquezas mundanas acessíveis e as comodidades confortáveis, que os arrastam para a avareza, que os incentivam ao isolamento de onde saem carregados de doenças psicológicas, e serão arrastados para uma cova como todos nós, e mais depressa que imaginamos… contam os mais idosos as belas histórias como se vivia antigamente nos locais rurais, e se divertiam depois do trabalho com meios restritos… é esta sanidade que dá alento aos persistentes que voltam de tempos, a tempos, ou definitivamente. Um pôr de sol como o que se vê nas fotos que servem a ornamentação só por terras puras… traçam no céu azul os aviões rotas que levam talvez ao progresso, mas os passageiros olham
para baixo e invejam-nos… os azeitoneiros, sujos e pequenos,
não os ouvem… esqueceram as impurezas mundanas para se concentrarem na luta
convencional entre as frutíferas árvores que retribuem em frutos os sacrifícios e
alguns euros gastos.
E o grupo ri e canta porque o trabalho se realizou, e
o sol baixa cada vez mais até se pôr… missão cumprida… fomos os últimos a sair
e os primeiros a voltar para casa… e a ginjinha que o Mesquita trouxe, produto artesanal
exclusivo seu, serve para brindar à força e união, assentados junto da casa do
Manuel, no repouso bem merecido, acabando com o resto do
pão-de-ló. Uma família como tantas outras… um trabalho como
tantos outros… mas… Uma harmonia inesquecível que nos presenteia com a
integridade coletiva. Na Segunda-Feira ´há mais, no melhor olival do mundo, o
do Vítor, onde não faltará boa merenda e outro pão-de-ló, que até pode ser
comido pela cadela Maguy como já aconteceu noutro ano com António Brás Ana, Ângela,
Filipe, Vítor, Mesquita, Manuel
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
Atentado em Paris
A noite foi sangrenta… os bárbaros sugadores de sangue
humano voltaram ao lugar do crime, onde alguns deles nasceram, para matar,
matar; tal como predadores selvagens para mostrar ao mundo a capacidade ingénua
de garotos sem cérebro, que até nem foram criados em guetos, nem têm ideologias
religiosas ou politicas, são uns pobres mafarricos, que depois de terem provado
drogas, encharcado no álcool, jogar ao “ caïd”
do bairro como pura exibição, procuram sensações aterrorizantes com armas, que
superiores lhe colocam nas mãos de putos vulneráveis ordenando armadilharem-se
morrendo como mártires por uma causa sem fundamento justificável… ser Muçulmano
islão, com caracter jihadista não implica degolar a sangue frio exibindo as
vitimas como ignóbil chantagem, tratando-se de inocentes, isentos, seres
humanos, chorados pelos seus que ficam cá mas marcados para sempre. Como não
poderá haver ódio, raiva, sede de vingança?
Desta vez escolheram a cidade que tanto prezo, lugares conhecidos onde
na minha juventude nos encontrávamos Sábados pela noite para conviver, dançar,
pois nesse tempo, era ainda, o Bataclan
Mesmo não possuindo um coração capaz de lhes proporcionar
outro sentimento que não fosse o do ódio, e tendo a alma contaminada com a
raiva, o espirito moribundo com a lavagem de cérebro, tiveram a cobardia de
vê-los cair como “pantins” aterrorizados, alguns por certo suplicando que não
os matassem… Partiu-se-me o coração há meia-noite do dia 13 de Novembro de 2015,
ao receber as primeiras noticias do drama ocorrido num lugar de paz alegria e
divertimento que serve hoje como acolhimento aos fãs de revistas e outros espetáculos.
Vivi profundamente o luto deste horrível atentado, onde mais de 130 perderam a
vida, e milhares de outras as chorarão para sempre… como gostaria poder
depositar uma rosa branca, símbolo da paz, na campa de cada um…tal como a
solidariedade demonstrada em todo o mundo, onde as cores bleu blanc rouge
estiveram em realce sobre monumentos representativos de la liberté égalité
fraternité três palavras que simbolizam um povo com o qual aprendi tanto, e que
tantas vezes li na faxada da Assemblée Nationale, do lado de lá du pont de la
Concorde, rive gauche.
A tour Eiffel apagou-se, para em silêncio chorar os seus
mortos e feridos…l’Arc du Triomphe comunicou às treze avenidas que o rodeiam a
indignação de quem abriga o tumulo do soldado desconhecido… Nôtre Dame isolada
na Ille de Saint Louis, perdoa e através do pai de uma das vítimas responde aos
atrozes malfeitors: - Vous naurez pas ma haine… e no Louvre onde as obras de
arte convidam à visita de milhares apaixonados, soltou da pirâmide a cólera que
levou até à Síria a mensagem de guerra, que por certo fará mais vitimas
inocentes. Mas… como prender os culpados se como os ratos se escondem ao abrigo
das suas barbaridades?
Também le Petit Cambodge junto ao hospital bichat sofreu as consequências
maquiavélicas destes terroristas. Para todos os que partiram, familiares e
amigos os meus sentido pêsames.
O Estádio de França, apesar da perca de um compatriota, e
uma senhora, merece os elogios de quem controla as entradas e conseguiu evitar
uma tragédia ainda maior. Que a paz e harmonia reine no mundo dos vivos
sexta-feira, 20 de novembro de 2015
domingo, 15 de novembro de 2015
navegando
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
Dons
Nascer com um verdadeiro dom, é um presente, vindo não se
sabe de onde, nem quem é o remetente, prevalecendo o mistério por desvendar,
relativamente ao facto de entre a galinha e o ovo, qual deles nasceu primeiro?
Sabemos qual é a cor do cavalo branco de Napoleão… incógnita sobre o privilégio
de uns, os quais já nasceram em berços doirados, superdotados nas diversas e
variadas caminhadas da vida, enveredando por caminhos largos e floridos… com
sorte? Enquanto outros são perseguidos pelo azar, do nascimento até à morte,
transportando a cruz que lhes caiu sobre os ombros, ordenada não se sabe por
quem, segundo a crença de cada religião, mas que, por mais esforços que
façamos, boa vontade e otimismo, esperança e desespero, não se passa da: “cepa
torta”.
Se nos cingirmos à religião cristã cujos pragmatismos
revelam a criação do Mundo e da humanidade, diz-se que somos irmãos, filhos de
um só pai, mas diferentes durante o período de vida… a morte essa não faz a
diferença entre as variadas etnias, as cores que suportamos, as religiões da
nossa crença, e sobretudo entre pobres ricos ou remediados…
Sempre fui pretensioso, e sinto enorme frustração por ter
nascido com fragmentos de vários dons, mas concretamente nenhum capaz de me
diferenciar, de um “bon à rien”como se costuma dizer em terras gaulesas, por
onde andei perdido mas usufruindo de enorme felicidade, durante trinta anos, os
mais maravilhosos da minha singela vida. Quis ser poliglota, e para além do
Português, linguagem da minha naturalidade, sinto o Francês nas entranhas como
uma sonata de Vivaldi, que penetra a escuridão e se prolonga pela noite fora
até aos mais maravilhosos sonhos embalados num leito confortável e acariciados
pelos lençóis de uma alvura singular. Já com o Inglês, apesar dos vários
esforços realizados na aprendizagem, continuo como uma sopa sem sal nem adubo,
lendo como um aluno de 2º ano, e oralmente, considero que falam tão rápido como
o TGV o que me dificulta ao máximo a captação. A propósito aconteceu-me uma
cena com um cliente quando exercia a profissão de táxi driver em Paris, e, no
aeroporto Charles Degaule, carreguei o ditoso cliente para a Gare de Lyon.
Durante o trajeto que separa o aeroporto da cidade, tentamos comunicar em
inglês com grande dificuldade da minha parte, e o meu inglês afrancesado.
Reparando que o cliente desejava perguntar-me algo referente á cidade, e como
não conseguia responder-lhe, sugeri-lhe que me fizesse a pergunta em Italiano.
- Vorrei dare qualche giro i posti più belli di Parigi fino a quando arriva il
momento il mio treno può essere?
-Ah! Sì, lo capisco.
Avanti
Quando voltei à noite e contei o acontecido aos meus colegas
de trabalho, juntos rimos como perdidos… valeu a pena os cursos de inglês que
paguei, aprendi mais com a patroa do bar ao lado da garagem, de origem
Italiana, onde íamos tomar o aperitivo no final do trabalho!
O espanhol era outra linguagem que prezava, pelo facto de
conviver com muitos Espanhóis jovens, que frequentava enquanto praticava o
desporto do futebol. Havia nesta equipa patrocinada pela Citroen onde
trabalhavam muitos Espanhpois dos diversos cantos de Espanha, e o Francisco,
sabendo que eu gostava de ler, emprestou-me uma grande quantidade de livros
escritos em Castelhano que trouxe da sua biblioteca quando finalizou o curso,
que nos tempos vagos, sobretudo à noite, lia.
Quatro linguagens de povos diferentes, mas que eu, teria
gostado aprender, primeiro porque me seria útil na profissão, segundo por
julgar ter o dom, que afinal não tinha…
Comediante foi mais um dos fragmentos do dom que sempre julguei
ter pelas representações teatrais de rua, marchas populares, participações em
comédias improvisadas enquanto miúdo até à adolescência, e uma louca paixão que
surgiu mais tarde quando já vivia em Paris e sempre que me era possível assistia
a peças teatrais, e ia frequentemente ao cinema. Foi um destes filmes que me
marcou profundamente ao ponto de tentar aceder aos cursos das belas artes. O
titulo – Mourir d’aimer - http://www.interfilmes.com/filme_230394_Morrer.de.Amor-(Mourir.d.aimer).html,
interpretado por Anie Girardot 32
anos, divorciada, com dois filhos, é
professora de uma escola em Rouen em meio aos tumultos de Maio de
1968, ... evolveu-se numa aventura amorosa com um dos seus alunos, menor,
pelo qual se apaixonou, e perante a impossibilidade de dar seguimento à profundidade
deste amor, já consumido, após várias tentativas infrutíferas, optou pelo suicídio,
pedindo n’uma carta que deixou escrita, ao marido, para tratar dos seus filhos
e que perdoassem a sua cobardia. Belíssima interpretação com um fim trágico que
fez subir as lágrimas aos olhos da maioria dos espectadores, complementada com
a magnifica voz do Charles Aznavourg na musica. https://www.youtube.com/watch?v=rAHnc_d10MY
O canto foi outro dos fragmentos fracassados de um dom cuja
voz poderia eventualmente seguir outro caminho com um poucochinho de sorte…. Sobretudo
no fado, cujas letras e musicas conhecia de cor, dos variados cantores desse tempo,
e que dentro do meu carro enquanto vazio, através das ruas e belas avenidas de
Paris, cantava como se estivesse no Olimpia, lugar mítico por onde passaram os
maiores da musica e do canto. Sem ter um ídolo preciso, era fã de todas as
belas canções dos numerosos artistas que vendiam os seus discos, enquanto eu
cantava gratuitamente de A a Z somente pelo prazer… fascinavam-me as letras, e
a musica que me caísse no ouvido penetrava-me enfeitiçando-me ao ponto de
necessitar de poucos ensaios para repetir…
No futebol, que pratiquei durante toda a minha juventude a
um nível amador faltou-me aquela ajuda para saltar o trampolim, considerando as
apreciações de entendidos que diziam ter potencial para voar mais alto…
suposições e nada mais. Hoje sei que é necessário muito talento, para ser bom,
qualquer que seja a modalidade… e eu sempre fui um: “bom à rien”. Nunca fui
capaz de aprender a tocar acordéon, realejo ou guitarra, sentindo-me frustrado…
onde foram parar todos os dons que eu pensava ter? No fundo não passo de um pretensioso
sem fundamento talentoso… gosto de ler e escrever, passando horas até às tantas
da noite, na fumaceira de um quarto, rascunhando e dormir sossegado ainda que
não fosse lido por ninguém… ser ou não ser dotado esta é a questão?
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