quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Desenho de uma flor

            por António Brás
Para ti, que no pesado fardel transportas, a carestia do amor
Mendiga de desperdícios; da fome opaca e da dor
Abre os braços e voa; vai àquele lugar sagrado
Onde debaixo do arco-íris, ambos plantamos uma flor
De tão bela e perfumada que era, nasceu a grande paixão
Que noite e dia nos embalou, enquanto o galo cantou
Pela borrasca fomos levados, e pelo encandecer fomos banhados
Lá longe onde não havia galos, no meio da multidão
Quantas pétalas tinha ela, quais eram as suas cores
Esqueci-me ou não me lembro, desse tempo só sinto as dores
Que tão cruelmente nos separaram, e os nossos corações partiram
Hoje desenho uma flor, neste jardim de amores.

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