Amor de proibição
Poderia amar-te durante o tempo que duraram aqueles raios de luz, e a tua sombra percorria caminhos controversos, enquanto o silencio da voz argumentava, indeciso, perturbado, à procura de uma razão que libertasse o peso da decisão, que jamais conseguiste tomar, derivando em águas tépidas que transportavam a felicidade momentânea, que ia alimentando a esperança e o desejo, brincando com os meus sentimentos, como quem brinca com uma boneca, a beija com ardor nos seu lábios frios, a desdenha e atira para o vazio, mas quando chega a noite, e o coração bate mais forte, as lágrimas impedem os olhos de se fecharem, ouvem-se murmúrios no quarto, à porta que tantas vezes te serviu de vigia, por saberes que eu passaria por lá, e um trocar de olhares enchia mais um dia de felicidade, enquanto às escondidas, como se fossemos ladrões, procurávamos discretamente o ponto de encontro. Nestes lugares sagrados, ao abrigo de olhares indiscretos, dominados por uma louca paixão, uniam- se os sentimentos, e os corpos transformavam-se num só, livre para amar e o tempo não tinha fim! Mas já a noite voltava, e dali nos retirava, levando com ela os segredos, voltavam os dias de medos…
porque não
me prendeste quando tiveste a ocasião? – Perguntavas-me tu nuns rascunhos de
papel. – Simplesmente porque te amava como nunca amei ninguém, e o amor não
pode viver preso… Apesar de muitos os anos que baloiçaram a nossa grande
paixão, que a alimentaram já ambos casados, e o adultério nos tentou, o destino
nada mudou. Andamos hoje por caminhos diferentes, somos pais, somos avós, mas
para sempre adolescentes, que viveram os melhores anos da vida, numa terra
branquinha esquecida, longe ou perto onde quer que estejamos, continuam os
nossos olhares se cruzando, e os beijos ardentes a alimentar. Aquela esperança
que não veio para ficar
2 comentários:
Já é avô avô António?
Sim sou só avô.
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