Lembra-me
que as recordações não morrem, e o passado apenas viajou, o tempo não é dono do
destino, nem da estação onde apeou, foi há anos, ou foi há dias, já não sei; da
longa espera no cais, e dos comboios banais, meu deus que fumaçais! Onde de
vista nos perdíamos, para mais tarde nos encontrarmos, nas festas, nas romarias,
nas terras onde vivíamos, e que tão jovens de lá saíamos à procura das
migalhas, como pássaros já sem ninho, que voam sem lei nem tino por entre as
árvores talhadas, abrindo caminhos à sorte,
pelos madrigais já sonhados, por entre multidões no deserto, vindas de
longe ou de perto, em camelos alinhados.
Lembra-me de
quando era criança, e vivia com esperança, de um dia ser grande e forte, junto
daquela gente sem sorte, dando-lhe a minha confiança, o carinho e a ternura que
alimentavam com doçura, nas cálidas noites de verão, ao luar de um céu azul,
cheio de estrelas e um coração que batia, batia, na mão.
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