segunda-feira, 4 de julho de 2022

DEIXA-ME

Deixa-me imaginar-te presente permanecendo em mim, mesmo ausente porque te sinto invadindo os meus sonhos, vagabundeando a minha mente. Deixa-me imaginar-te a meu lado, na minha cama vazia … tão fria… Deixa crescer em mim, este fogo lento que me aquece a alma e me acalma, nas longas noites de inverno. Deixa-me sentir o suave toque das tuas mãos percorrer-me o corpo, enquanto a minha voz emudece de prazer. Deixa-me imaginar os nossos olhares, que mesmo não se cruzando, me provocam arrepios. Deixa que pense em nós, como se vivêssemos a maior paixão jamais vivida. Deixa-me sentir os teus lábios tocarem os meus docemente, num infindável beijo de desejo, até à embriaguez, como se bebêssemos o néctar dos Deuses. Deixa-me fingir que te possuo, noite após noite, em jogos de prazer, que nos saciam, até amanhecer. Pois só deste jeito, vejo cor nos meus dias, e sinto mais tênue a minha solidão. Não quero acordar vazia, sem esperança e em agonia, aprisionada ao passado, porque sem ti sinto medo, escondo-me no meu silêncio, perco o chão e não encontro o sentimento de existir, como se navegasse em águas profundas sem pé, esperando um resgate do acaso. Sem ti sou filha do vento, escrava do tempo, repleta de nada. Não quero mais acordar e olhar os dias sempre iguais, acinzentados. quero acordar com o coração a bater ritmado, imaginar-te a meu lado, numa mistura de vida e sonho. E porque a solidão dói … corrói e mata lentamente, deixa-me imaginar-te… sonhar-te… amar-te … assim … eternamente. ©Lurdes Rebelo

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