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Juízo final |
O lar de Murçós morreu; foi assassinado por três dos nove
discípulos, que reuniram com o Bispo, assentado no lugar de Pilatos, e como ele,
lavou as mãos, entregando aos algozes, a decisão de crucificar, uma obra
social, bela e indispensável, embora repleta de dificuldades e espinhos. Tal
como judas, os traidores, esconderam-se por detrás da falsidade arbitral,
levando a termo, o golpe fatal premeditado. Não têm remorsos de consciência,
descabidos de faculdades humanistas… a
inveja projectada como relâmpagos, é
venenosa, mortífera, como a das serpentes transportadoras de ódio hipnotista.
Constituídas como rochas, onde as ondas positivas vêm embater e se transformam
em minúsculas gotas, impotentes, desprotegidas, sem defesa; como os idosos,
considerados “farrapos” velhos, são atirados para um canto escuro, lúgubre,
para morrerem como cães, ao abrigo destes olhares odiosos cravados na pureza e misticismo
condigno, martirizante, enquanto a ansiosa agonia os arrasta lentamente até ao
colapso. È ignóbil a parametrização específica programada para um ser vivo,
mais concretamente, humano! Envelhecer tornou-se o calvário para a humanidade,
ao ultrapassar uma certa idade… mas, a idade corre veloz, como o vento que
sopra e ninguém o vê; houve-se apenas o sussurrar, e a ingenuidade segue de
olhos fechados o seu carrasco, acredita nas divagações astuciosas, pretensão,
e até destrutivas.
Será que existe uma religião que nos inspire confiança,
garantindo os valores morais, antes dos materiais? O dinheiro e seus derivados,
corrompe tudo e todos, mesmo aqueles que pretendem resistir. O poder, é
igualmente, um fator destrutivo dos valores primordiais… “manda quem pode e
obedece quem deve” é a divisa imperial do fantasmagórico derivado.
Destruir é tão fácil!... Pelo menos não sejam hipócritas. Assumam
os vossos atos… não foram formados para mentir nem omitir! Podem fingir,
esconder, arrastar, enriquecer, mas jamais poderão limpar o peso da consciência.
Não poderão refugiar-se para sempre na ignomínia
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Centro Social e Paroquial S. Lourenço Murçós |
7 comentários:
Tonho
Estou sem palavras, depois de ler os três últimos artigos que publicaste. A mesquinhez a vencer a bondade e o desejo de bem fazer.
Força!
Obrigado Fátima. É deveras penoso e horrivelmente suportável uma situação destas que me deixa de rastos.
Grande abraço para ti
Caro amigo.
Felicitações por mais um campeonato nacional, a nossa hegemonia e verdadeiramente marcante embora não tenhamos feito uma grande competição. (Sempre FCP).
Depois desta consideração, aquilo que me é mais importante! MURÇÓS. Perante as suas últimas considerações, cai assim por terra aquele que era o projeto mais ambicioso e contundente para a fixação dos últimos idosos na sua terra.
Não conhece os contornos que envolvem o projeto em si, nem as fezes por que passou, nem os percalços e atribulações que julgo terem sido muitos, por aquilo que informalmente ia tendo conhecimento. Sobre isso não opino.
Em relação a obra e as consequências que iria trazer a aldeias.
Nos últimos anos, varias foram as pessoas que foram forcadas a abandonar a aldeia para conseguir ter uma melhor qualidade de vida, coisa que na aldeia se mostrava difícil. Pois julgo minguem o ter feito de ânimo leve. Foram ficando na aldeia apenas aqueles mais idosos que viam incrédulos partir aquele que mais amavam.
As pessoas foram ficando mais idosas, com vários problemas de saúde, e com isso mais vulnerável, não tendo quem tome conta delas, pois os seus estavam longe geograficamente, tendo que optar por três soluções; 1 - vir de vez para a aldeia perdendo os emprego e a forma de se sustentar, 2- ter que levar os idosos para junto de si, 3 – ao coloca-los numa instituição que lhe preste todos os cuidados de que necessitam.
As pessoas que foram criadas nas aldeias, lidam mal com a hipótese de acabar os dias numa casa que não a sua, pior ainda ter que abandonar a terra que os viu nascer. As pessoas que vivem nas cidades pensam de forma diferente, sendo elas são elas próprias a optar por acabar os dias em instituições, para com isso não complicarem ou dificultarem a vida dos filhos.
No caso de Murçós, uma instituição vocacionada para cuidar dos idosos, faz todo o sentido.
Faz todo o sentido porque a tendência e uma esperança de média de vida cada vez maior, as pessoas vivem mais anos, ficando mais idosa e mais debilitadas.
“ As principais pessoas que deveriam ser indagadas se queriam que o lar fosse edificado era aos idosos”, pois são esse que vão necessitar dele. Estar a perguntar a uma pessoa, ainda jovem, sem experiência de vida, que ainda não pensa para si a utilização dessa infraestrutura, era fácil de adivinhar a sua resposta e o consequente o desenlace final.
Para um melhor entendimento, dou o seguinte exemplo. “ Se estivessem agendadas duas obras para uma região ou localidade, a construção de um campo de futebol, ou um lar, e apenas uma poderia ser feita, se fizéssemos um referendo pela população era fácil de ver qual seria a intenção de voto das pessoas idosas e dos mais jovens”.
Nas várias fazes da vida vamos tendo objetivos e aspirações diferentes.
Não se desculpem com meros estudos económicos encomendados para a ocasião, que em nada correspondem a verdade, pois somos Portuguese e estamos vacinados para essas coisas, basta ligar a televisão e ver um qualquer telejornal.
E pena que se prejudique muitas pessoas por decisões, tomadas por alguns. Deixem essas coisas para a política, que ai sim as decisões de alguns mexem com a vida de todos.
Em suma com isto apenas quis dizer, que na minha opinião, para se tomar uma decisão desta natureza, apenas era preciso duas coisas e se calhar quem tinha a obrigação de a tomar não as tem: “ 1- amar o local onde a obra vai ser edificada, bater-se por ela, para no fim ter o gostinho da realização pessoal, em prol da comunidade, sem com isso tirar qualquer dividendo pessoal. 2 – Estar sensibilizado para o flagelo da solidão de tantos idosos que morrem em casa e ali jazem durante vários dias e as vezes anos, e o que uma instituição como esta representa para eles.” Em duas palavras “ amor e sensibilização”.
Sem ressentimentos, apenas quis deixar neste espaço publico apenas estas considerações, mostrando a minha tristeza, pois a terra que tanto amo irá ficar mais pobre e desprotegida.
Termino deixando esta pergunta no ar para os seguidores deste Blogger.
“ Se fosse o padre delfim, no fim de paroquiar, na mesma situação, qual seria a sua decisão?????” .
Vítor Fernandes
Amo muito essa inóspita terra.
Antonio
E deveres impressionante e arrepiante aquilo que acabei de ler... Fico triste por ver esta obra ja em sentença definitiva ou seja o aborto deste projecto.Partilho do sentimento tambem deste amigo que desabafou pois vejo que apesar de nao estar a reconhecer quem e ,quer e partilha de um sentimento de fazer o melhor por uma terra que tambem me viu nascer e caro amigo e conterraneo respondendo a sua pergunta se eu fosse o padre Sergio e nao me considerando ainda muito velha ,escolheria o lar de idosos pois neste momento vejome a braços com grandes dificuldades ,que um lar de idosos se existisse na aldeia vizinha que me adoptou,resolveria de uma forma muito simples algo que nos esta a dar tanto trabalho e nao sabemos que decisao tomar ,pois queremos o melhor para a idosa porque acima de tudo amamos e so queremos o seu bem estar...obrigado abraço amigo para ambos.Carla Pires.
Vitor as minhas sinceras desculpas por nao te ter reconhecido mas depois de refletir ,o teu apelido Fernandes so pode vir da minha querida avo Lucinda Fernandes que era irma do teu pai o tio Poulo logo somos primos,perdoa este meu lamentavel lapso e fico feliz de te encontrar ha ja muitos anos que nao te vejo beijinhos para ti,espero que a vida te tenha sorrido ate breve.Carla Pires.
Victor e Carla. Bem-hajam pelas vossas visitas e comentários.
Gostava imenso narrar detalhadamente todo o processo referente ao Lar... mas, para alem, de volumoso, estou convicto não servir de nada... as pessoas desdenham a existência de um muro de lamentações, fizeram as suas opções, consciente ou inconscientemente, têm o que querem, e, nada nem ninguém, pode alterar as suas posições, mesmo sabendo-as prejudiciais em termos futuros, socialmente.
As pessoas passam, mas, as obras ficam... independentemente de quem as mandou fazer, todos nós somos usufrutuá-rios, do que outros construíram, com ou sem dificuldades. Já se diz que: "contra a força não há resistência".
Cansei-me de passar pelo mau da fita, forasteiro e outros predicados insultantes que me indignam e prejudicam a saúde. Fiz todos os possíveis em benefício desta terra que me adoptou, e eu considerava como minha... infelizmente era apenas ilusão, e as pessoas apressam-se a lembrá-lo.
A minha maior tristeza é desiludir uma pessoa amiga, que, como eu, sofre atroz-mente... a vida é ingrata, que Deus lhe perdoe, eu não.
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