A velha casa caiu numa derrocada
medonha…prenúncio de tantas mortes anunciadas que paulatinamente trazem
o silêncio e o abandono às antiquíssimas aldeias transmontanas.
A casa caiu e nos seus escombros encontro pedaços da minha alma também em ruinas…numa tristeza profunda olhando os sítios, os recantos onde todos fomos tão felizes.
…olha o forno…a mãe atarefada nunca mais coze o centeio negro que sabia como carões de nozes…
…pão negro…olhos de água…infinita perda…morremos aos poucos em cada
pedra…e na soleira da velha porta passam as nossas memórias vestidas de
luto com açucenas e lírios na mãso que vão secando ao canto dos
desgostos. Texto de: Fernando Calado
Os velhos moinhos, do povo e da viuva,, já muito tempo que deixaram de moer... e a prensa, por detrás das grandes portas de madeira velhinha, já nem ouve passos na rua... foi-se o minério e os mineiros, os pais e os filhos... ninguém se voltou para ajudar a reparar os erros... já longe recordam com saudades, momentos inesquecíveis, mas, que fazem parte de um passado difícil... embora tenham partilhado momentos eufóricos de brincadeiras desastradas, que orgulhosamente gostariam de contar, não fosse o critério protocolar que define o que se considera decente, ou lamentável , embora engraçado, cuja reputação requer força de vontade e espirito de alto nível social.
Gostaria tanto poder contar-vos, leitores, histtórias de encantar com grande elenco de personagens, figurantes, ou simplesmente passageiros momentãneos rejubilando alegremente mediante a felicidade transbordante da alma, e os prazeres propagados espiritualmente pelos corpos, mas, infelizmente, a realidade dos factos transbordam como fantasmas arrepiantes, através do que se está tornando esta terra desertificada. Não se vêm no horizonte, vestigios de um possível resgate...a não ser que surja um milagre.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
sábado, 23 de fevereiro de 2013
Amanheceu com neve
Hoje, dia 23 de Fevereiro de 2013
Murçós amanheceu todo vestido de branco! A neve, que durante a noite caiu silenciosamente, enquanto nos leitos, aconchegados com os cobertores, os seus moradores dormiam e sonhavam tivemos uma visita breve , inesperada...os telhados cobertos com este manto branco, resplandeciam, e a serra da nogueira tinha parido mais uma vez, o sentimento de felicidade e alegria...
o céu mostrava o seu tom carregado, e as nuvens pareciam enfeitiçadas por monstros de ficção cientifica, vindos do fundo do inferno, sem destino nem abrigo, apenas o desejo de rebentar.
Bruscamente, os poderosos raios de sol, romperam persistentes e luminosos, transformando um dia careto n'um bel´issimo dia de sol... a bicharada sai dos seu esconderijos protectores, e, vem lançar um olhar meio desconfiado, temeroso, que brevemente apaziguou estes receios e cautelas.
A Sra. da Serra velava pelos seus crentes lá do alto, certa de que se tratava de mais um dia invernoso, previsto pela meteorología Nacional.
As árvores, cuja ceiva começa a desbotar, agradecem este temperamento atmosférico, e o lençol de água que a terra tanto desejava tomou o seu curso normal, enquanto não chega o verão, como sempre quente, abrasador para com os seres vivos.
Edroso, que faz agora parte do agrupamento de freguesias, dormia ainda, porque também é sábado, e não se vive a 200 à hora.
Em Espadanedo, os animais com fome, seguiam já para os pastos, guiados pelos donos que sopravam as mãos.
Lá bem no alto, as Cabanas acostumadas a estas mudanças climatéricas, pareciam rejubilar de alegria e felicidade... enquanto eu, passageiro da pouca neve, mirava para um lado e para o outro a beleza que nos seduz e apraz.
Murçós amanheceu todo vestido de branco! A neve, que durante a noite caiu silenciosamente, enquanto nos leitos, aconchegados com os cobertores, os seus moradores dormiam e sonhavam tivemos uma visita breve , inesperada...os telhados cobertos com este manto branco, resplandeciam, e a serra da nogueira tinha parido mais uma vez, o sentimento de felicidade e alegria...
o céu mostrava o seu tom carregado, e as nuvens pareciam enfeitiçadas por monstros de ficção cientifica, vindos do fundo do inferno, sem destino nem abrigo, apenas o desejo de rebentar.
Bruscamente, os poderosos raios de sol, romperam persistentes e luminosos, transformando um dia careto n'um bel´issimo dia de sol... a bicharada sai dos seu esconderijos protectores, e, vem lançar um olhar meio desconfiado, temeroso, que brevemente apaziguou estes receios e cautelas.
A Sra. da Serra velava pelos seus crentes lá do alto, certa de que se tratava de mais um dia invernoso, previsto pela meteorología Nacional.
As árvores, cuja ceiva começa a desbotar, agradecem este temperamento atmosférico, e o lençol de água que a terra tanto desejava tomou o seu curso normal, enquanto não chega o verão, como sempre quente, abrasador para com os seres vivos.
Edroso, que faz agora parte do agrupamento de freguesias, dormia ainda, porque também é sábado, e não se vive a 200 à hora.
Em Espadanedo, os animais com fome, seguiam já para os pastos, guiados pelos donos que sopravam as mãos.
Lá bem no alto, as Cabanas acostumadas a estas mudanças climatéricas, pareciam rejubilar de alegria e felicidade... enquanto eu, passageiro da pouca neve, mirava para um lado e para o outro a beleza que nos seduz e apraz.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
HERANÇAS DESTINADAS
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foto retirada da net |
HERANÇAS II
com onze anos de atraso, e uma coima.
Também o seu nome sofreu modificação, porque o que lhe foi atribuído no batismo
não foi aceite…
Saía pela 1ª vez da terra, e, quando na
Estação de caminhos-de-ferro, pediu um bilhete par viajar no comboio a vapor,
teve a sensação de abandonar para sempre aquelas terras de pobreza e sacrifícios.
Na Cidade durante 8 dias, numa pensão de quatro coroas, extasiava-se com as
ruas, as montras, os numerosos passantes, tantas regalias que não existiam na
pacata Aldeia onde vivia. O exame correu muito bem, e o tempo da felicidade
estava no fim. De regresso a casa, tendo sido aprovado com outro rapaz da sua
idade, foram visitar a professora, que os felicitou com um beijo…
Os três meses de férias de verão
passaram tão rápidos, e o “puto” que alimentou a esperança de que um bom
coração humano o abordasse e lhe propusesse de o mandar estudar para a civilização,
sofreu uma desilusão devastadora… não bastava ser inteligente, eram necessários
meios financeiros, mas, ele tinha nascido um pobretanas e as pessoas que o
rodeavam avarentos sem coração… refugiava-se nos cantos mais desertos da Aldeia
para derramar lágrimas dolorosas ao abrigo dos olhares curiosos, sem pretensão
alguma, de dó nem piedade, reprimindo a fatalidade predestinada que continuava
a sua perseguição.
Resignado e temeroso de ser desgraçado
toda a sua vida, passavam-lhe pela cabeça de jovem adolescente ideias
baralhadas, umas sem senso outras sem sentido, mas, continuava esperançado de
que um milagre se operasse, um anjo o transportasse para longe, e desse
resposta a tantos pontos de interrogação que o martirizavam.
Meses depois, enquanto ajudava à missa,
um raio de luz, vindo não se sabe de onde, penetrou naquela Igreja e iluminou o
futuro do “puto”.
domingo, 17 de fevereiro de 2013
sábado, 16 de fevereiro de 2013
OS SILOS
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foto retirada da net ARADO DE MADEIRA PARA SEMEIA DAS BATATAS |
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Foto retirada do blog.rebordainhos O TIO ANTÓNIO E um amigo de Lisboa |
Rossas era a Estação de caminho-de-ferro mais próxima, e
mesmo tendo linha estreita, e comboio puxado a carvão, por lá passaram centenas
de toneladas de batata, parte dela ensilada num grande espaço junto da Estação,
dirigida pelo chefe Sr. Azevedo, ou nos cinco armazéns de grande dimensão onde
eram escolhidas por “geireiras” vindas das diversas Aldeias, para ganhar uns tostões
de sol a sol!
Também os homens tinham as suas tarefas definidas, que eram
preparar o terreno cavando o solo aproximadamente 30cm de profundidade, cerca
de 1,5m de largura e o comprimento dependia da quantidade de cada agricultor,
mas podia passar dos 100m. Seguidamente eram colocadas as batatas em pirâmides,
com arte de escultor, o colmo, (palha mais comprida e direita) em camadas
contra elas, dobradas as pontas no topo e, pouco a pouco, com pás colocava-se a
terra, começando como é óbvio por baixo, batia-se camada após camada e quando
se terminava, retirava-se qualquer defeito que não estivesse direito, podendo
dar mau aspeto… uma verdadeira obra de arte!
Depois de escolhidas, as batatas eram apartadas para consumo
ou semente, ensacadas em grandes sacas, e carregadas nos vagões para seguir até
ao seu destino.
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foto retirada da net |
Para os mais idosos que conheceram tudo isto, serão agradáveis recordações… quanto aos mais novos, podem conceber dificilmente tanto trabalho manual para ganhar uns patacos furados!? Vivia-se com mais dificuldades mas, harmoniosamente… não se fugia aos deveres, e a palavra de honra, era sagrada… nestes tempos, apesar de mal pagos ainda se vendia… com a vinda do euro, a frágil agricultura de Trás-os-Montes, tornou-se missão impossível para os pequenos Agricultores, os quais, os Senhores mandões souberam calar, com subsídios vindos da CEE, aliciantes mas prejudiciais às vendas.
O significado de silos, no dicionário Português, não é propriamente o mesmo que nós sempre atribuímos, aos nossos de batata, mas podia-se tirar o chapéu aos homens que faziam do abrigo das ricas batatas, verdadeiras esculturas.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
Falecimentos
Faleceu a Sra MARIA DA PAIXÃO
a todos os seus familiares apresentanmos as nossas condolências
QUE A SUA ALMA DESCASE EM PAZ
sábado, 9 de fevereiro de 2013
OS POTES COSEM O JANTAR DO CAÇADORES |
FORAM 15 OS JAVALIS MORTOS (rectificação) |
AS COSINHEIRAS PÔEM MÃOS À OBRA |
EXPOSIÇÃO PARA VENDA |
OS JAVALIS MORTOS IAM CHEGANDO... |
ESTE FOI UM DOS MATADORES PELO QUE TEM DIREITO A UMA PARTE... |
AS PESSOAAS CURIOSAS IAM CONTANDO... |
NUMEROSOS ESPECTADORES |
UM A UM FORAM ALINHADOS PAR QUE SE PODESSE VER O FRUTO DESTA MONTARIA... PARABENS PARA OS CAÇADORES QUE ERAM À VOLTA DE 170 |
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013
CARNAVAL INFANTIL EM MACEDO DE CAVALEIROS
A quadra CARNAVALESCA já começou em Macedo de Cavaleiros, com os agrupamentos escolares, cujo núcleo, foi definido com crianças das Aldeias deste concelho, inclusive as de Murçós. Perante o olhare admirativo dos numerosos presentes espalhados pelas ruas da Cidade, e o orgulho efervescente de pais e amigos, desfilaram ontem, dia 7 de Fevereiro as crianças das diversas escolas, preparadas pelos representantes destas, empenhados e dedicados por uma causa tradicional, onde o bom humor jovial e convivente, surge nos momentos difíceis que atravessa o País, fazendo esquecer momentaneamente os problemas causados por uma crise internacional.
As vestimentas imaginadas e realizadas para o evento, deixam de boca aberta, aqueles que julgavam não existir imaginação criativa na juventude, e vem assim, positivamente ornamentar o dia a dia rudimentar. Como se pode verificar, e não podia deixar de ser, salienta-se a presença dos caretos com os seus chocalhos, como é uso e costume desde há décadas na nossa região.
Destacam-se nesta última foto, os gémeos J.Pedro e o Gonçalo, cujo entusiasmo e empenho em arranjar os instrumentos que levariam no desfile, me fizeram recordar os meus tempos de criança, ansiosa e vaidosa por mostrar aos adultos como é harmonioso e peculiar, saudoso e necessário viver e conviver com todos.
Um beijão rapazes..
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
Falecimentos
Faleceu o Sr. ANTÓNIO PIRES (Valango)
Um homem íntegro... fazia parte do elenco dos grandes guerreiros de Murçós cujas alcunhas estão narradas no livro desta terra assim: Valongo,Valente, Rito, Carriças, Poulo, e outros... o reconhecimento pelas redondezas, é o de homens com H grande...para mim era simplesmente o Valongo... tivemos numerosas conversas, quando a sua actividade esmureceu e se tornou n'um pesadelo para ele... confidenciava-me as peripécias da vida, relatos dignos de consideração e respeito... a diferença de idades, 92 anos tinha o meu grande amigo, não nos impedia de jogar ao " cão e ao gato" como dois garotos, com chalaças, mas sempre respeitosamente. Gostava da frontalidade, e nem sempre era bem compreendido... porém, eu tinha por ele grande consideração e respeito. Foi juntar-se ao seus companheiros de batalhas constantes pela sobrevivencia dos seus, sem medos, - confidenciava-me quando abordavamos o assunto.
A todos os seus familiares apresento os meus sentidos pêsames, desejando do fundo do coração que a sua alma descanse em paz.
ADEUS AMIGALHAÇO...
O funeral realiza-se amanhã, sexta feira por volta das 16 horas
O funeral realiza-se amanhã, sexta feira por volta das 16 horas
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
Dia de alheiras
Enquanto umas alheiras se enchem, junto da lareira, sobre o olhar observador dos grandes potes que serviram a cozinhar a calda, com uma galinha velha, e vários elementos de porco, tal como no tempo dos nossos pais e avós, à maneira artesenal, técnicas herdadas e que trazem os seus efeitos positivos, na aparencia e sabor.
Seguirão para o fumeiro suspenso, onde vão ser afumadas com fumo específico de certas árvores, sendo outras prejudiciais, ao gosto final.
Este, já quase pronto para comer é da tia Maria Alexandrina, e pelo aspecto, faz crescer água nas bocas dos que não tem a possibilidade de fazer e afumar enchidos, indespensáveis às familias com grandes tarefas agricolas, e o prazer dos que vivem na cidade e de quando em vez, vem assar uma chouriça ou alheira na lareira, com café ou simplesmente matar o bicho.
è também um complemento, pelos tempos que correm e as dificuldades financeiras que atarentam tanta gente.
Estes não ficam a dever nada ao fumeiro de Vinhais, nem às alheiras de Mirandela... tem o gosto de antigamente, porque feitos e afumados com todo o cuidado e minucía de quem tem bons gostos.
A foto não ficou com a nitidez que desejava, mas dá para matar saudades ao olhar daqueles que estão longe das nossas lareiras, e não tem a possibilidade de uma vista que alegra e consola, nos dias frios de inverno.
Seguirão para o fumeiro suspenso, onde vão ser afumadas com fumo específico de certas árvores, sendo outras prejudiciais, ao gosto final.
Este, já quase pronto para comer é da tia Maria Alexandrina, e pelo aspecto, faz crescer água nas bocas dos que não tem a possibilidade de fazer e afumar enchidos, indespensáveis às familias com grandes tarefas agricolas, e o prazer dos que vivem na cidade e de quando em vez, vem assar uma chouriça ou alheira na lareira, com café ou simplesmente matar o bicho.
è também um complemento, pelos tempos que correm e as dificuldades financeiras que atarentam tanta gente.
Estes não ficam a dever nada ao fumeiro de Vinhais, nem às alheiras de Mirandela... tem o gosto de antigamente, porque feitos e afumados com todo o cuidado e minucía de quem tem bons gostos.
A foto não ficou com a nitidez que desejava, mas dá para matar saudades ao olhar daqueles que estão longe das nossas lareiras, e não tem a possibilidade de uma vista que alegra e consola, nos dias frios de inverno.
TERRAS NOSSAS
Sou a tua terra… onde
nasceste, brincaste, riste e choraste.
As folhas que um dia
pisaste, que o Outono retirou das árvores, o vento varreu, a chuva molhou e o
tempo apodreceu, desapareceram das tuas recordações… lembras-te de mim quando
eras menino… e, no meu “regaço” brincavas!? Olhavas-me olhos nos olhos,
enquanto acariciava teus cabelos, lisos e suaves, loiros, pretos ou castanhos…
um sorriso encantador aparecia nos teus lábios, enquanto na surdez da escura
noite, o meu coração batia ao ritmo de quem ama e sente! Eramos tanto
amigos!...
Tal como o filho
prodigo, voltas de tempos a tempos, cada vez mais raramente…pisar as pedras
duras e frias, ver o que resta de mim…Já pouco tenho para te dar… cresceste e
eu envelheci. Um dia morrerás… provavelmente também eu… quem poderá contar a
nossa história? Foi tão linda! Foi terna, foi amorosa, foi leal! Jamais haverá
traição entre nós… tu fugiste e eu fiquei… à espera que voltasses… já homem,
com cabelos brancos, porque o tempo também varreu as cores… mas, o sorriso é o
mesmo, e o grande amor ainda vive dentro de nós.
Por António Brás Pereira
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
DIA DE FEIRA EM MURÇÓS
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HOJE HAVIA BAILE.. AS DONSELAS ESPERAVAM OS CAVALHEIROS |
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A montaria chegou antes do dia |
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O Reis mudou de profissão |
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Dois grandes negociantes de gado... |
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O pastor parte desolado |
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Para mim os cordeiros para ti as canhonas |
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Negócio concluido |
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O Reis tem agora um grande dilema... onde alojar as donselas? |
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Mais uma contagem não vá o diabo ordilas... |
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São dele e dirigem-se para o baixo do baile |
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