sábado, 16 de fevereiro de 2013

OS SILOS

foto retirada da net
ARADO DE MADEIRA PARA SEMEIA DAS BATATAS

Foto retirada do blog.rebordainhos
O TIO ANTÓNIO E um amigo de Lisboa
 Nos anos 60/70, os silos, estiveram propagados pela nossa região, sendo utilizados para guardar, ao abrigo da luz e do calor, grande quantidade de batata, por falta de locais para o armazenamento, mas sobretudo, aquela que era certificada para ser vendida no Estrangeiro, cujo método de conservação era considerado de grande eficacidade. Havia neste tempo os Engenheiros agrónomos, formados especificamente para fiscalizar as diretivas a seguir, e avaliar a qualidade que merecesse a certificação… estes senhores deslocavam-se, em dias marcados, aos próprios terrenos, (batatais), e seguiam sulco por sulco todos os pés, obrigando a limpar os intrusos para não sujar, ou afetar todo o batatal que corria o risco de ser reprovado, e assim só poderiam ser vendidas, as batatas, como de segunda classe a preços mais baixos.
Rossas era a Estação de caminho-de-ferro mais próxima, e mesmo tendo linha estreita, e comboio puxado a carvão, por lá passaram centenas de toneladas de batata, parte dela ensilada num grande espaço junto da Estação, dirigida pelo chefe Sr. Azevedo, ou nos cinco armazéns de grande dimensão onde eram escolhidas por “geireiras” vindas das diversas Aldeias, para ganhar uns tostões de sol a sol!
Também os homens tinham as suas tarefas definidas, que eram preparar o terreno cavando o solo aproximadamente 30cm de profundidade, cerca de 1,5m de largura e o comprimento dependia da quantidade de cada agricultor, mas podia passar dos 100m. Seguidamente eram colocadas as batatas em pirâmides, com arte de escultor, o colmo, (palha mais comprida e direita) em camadas contra elas, dobradas as pontas no topo e, pouco a pouco, com pás colocava-se a terra, começando como é óbvio por baixo, batia-se camada após camada e quando se terminava, retirava-se qualquer defeito que não estivesse direito, podendo dar mau aspeto… uma verdadeira obra de arte!
Depois de escolhidas, as batatas eram apartadas para consumo ou semente, ensacadas em grandes sacas, e carregadas nos vagões para seguir até ao seu destino.

foto retirada da net

Para os mais idosos que conheceram tudo isto, serão agradáveis recordações… quanto aos mais novos, podem conceber dificilmente tanto trabalho manual para ganhar uns patacos furados!? Vivia-se com mais dificuldades mas, harmoniosamente… não se fugia aos deveres, e a palavra de honra, era sagrada… nestes tempos, apesar de mal pagos ainda se vendia… com a vinda do euro, a frágil agricultura de Trás-os-Montes, tornou-se missão impossível para os pequenos Agricultores, os quais, os Senhores mandões souberam calar, com subsídios vindos da CEE, aliciantes mas prejudiciais às vendas.
O significado de silos, no dicionário Português, não é propriamente o mesmo que nós sempre atribuímos, aos nossos de batata, mas podia-se tirar o chapéu aos homens que faziam do abrigo das ricas batatas, verdadeiras esculturas.

3 comentários:

Fátima Pereira Stocker disse...

Boa tarde, Tonho

Num fim-de-semana alegremente arredada de computadores, venho agora fazer-te uma visita. Hoje, com um prazer acrescido porque me ensinaste como se faziam os silos: eu lembro-me deles, mas nunca os vi construir. Então essa de chegarem a ter 100 metros deixou-me de boca aberta!

Aproveito para fazer um pequeno esclarecimento: a pessoa que se vê ao lado do tio António "Piloto" não é o agrónomo de Rossas, é uma pessoa de Lisboa, da área do cinema, que se deslocou a Rebordainhos para filmar a produção do tio António no ano em que ele concorreu a um concurso de produtores e se classificou em 2.º lugar. Não te sei dizer quem seja, não reconheço o rosto e a tia Maria já se não lembra do nome.

Beijos

antonio disse...

Olá Fátima! Obrigado pela visita e pelo esclarecimento, que já rectifiquei... quanto aos silos, foi a foto no nosso cantinho que me deu a ideia de escrever um texto... tem a sua graça, embora n'outros tempos fosse considerado de outra forma... ao dizer que podiam ter 100m era verdade, embora não pertencessem a uma só pessoa... separavam-nos com colmo e o encarregado registava tudo certinho para não haver confusões. Passa uma boa semana, beijos

Fátima Pereira Stocker disse...

Tonho

Contigo estou sempre a aprender. Bem-hajas.

Beijos