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sexta-feira, 28 de dezembro de 2018
segunda-feira, 17 de dezembro de 2018
Destinos e destinados
Destinos e destinados
Por António Braz
Após uma lua-de-mel nas Bahamas de quinze dias, com altos e
baixos nas relações de recém casados, Carlos e Paula voltaram aos ninhos
paternais, enquanto não era posta em cima da mesa outra solução peculiar de
independência e discrição, numa vivenda comprada e oferecida como prenda de
casamento pelos pais da noiva, mas, o entusiasmo não parecia ter a euforia
desejada, porém, para salvar as aparências, Carlos era um ótimo Actor, fingia
uma felicidade que não existia no seu coração, e o pensamento voava para a
mulher que amava realmente, Júlia. Por sua vez esta secara as lágrimas vivia um
dia de cada vez, esperando voltar a apaixonar-se por alguém que a levasse ao
altar e a fizesse feliz. Até que se apercebeu, dois meses depois da tragédia
que supostamente vinha aí. Todos os sintomas apontavam para uma gravidez, o que
vinha metamorfosear todos os seu projetos, ambições, enfim… a sua vida e a de
seus pais conservadores que dificilmente aceitariam que se tornasse uma mãe
solteira.
Mandou entregar discretamente por uma amiga, uma carta ao
Carlitos na qual referenciava o pavor que lhe causava tal situação onde se
encontrava sozinha sem saber o que fazer…
A resposta dizia apenas:
A notícia veio retirar do meu peito a ansiedade que me
sufocava… é maravilhoso! Um filho teu e meu que melhor notícia podia desejar um
moribundo carenciado de amor? Estamos os dois armados para o: “que der e vier”;
cuida bem desse bebé.
Também na casa de Sr. Félix para onde Fernanda tinha sido
levada e onde vivia desde então, a pedido deste, embora sem precisar realmente,
porque tinha uma governanta formada na alta sociedade quando ainda sua esposa
vivia, embora já com idade, mas sempre fiel aos seus valores e princípios,
tendo-o ajudado como uma mãe, quando esteve quase a tocar o fundo, durante o
tempo que durou aquela maldita doença, acabando por a levar sua esposa, ainda
jovem e quando ambos projetavam ter uma família com filhos, depois de realizados
os projetos profissionais, ele como médico e ela como investigadora cientifica,
os factos até então passados a ferro quente, se complicaram, pelas mesmas
razões sintomáticas de Júlia, as quais não passaram despercebidas, ao médico
que receava a reação da moça quando se certificasse da verdade. Andava pálida,
dando escapadelas ao quarto de banho, tentando disfarçar com alegada má
disposição… Estavam sentados à mesa os três, como sempre embora fosse uma
família abastada, jamais esqueceram que tinham fugido da Bélgica, para não
serem presos e levados como o resto da família para campos de concentração
perseguidos pelos nazis porque eram “juifes”, em tempo de guerra, quando o
médico olhando Fernanda com ternura e em voz afetuosa balbuciou pela primeira
vez as suspeitas que recaíam sobre os ombros daquela pobre Aldeã e a carregavam
de vergonha; - tu és apenas a vitima,
filha – não te culpes de nada, nem chores porque o nascimento de um filho é a
coisa mais maravilhosa que existe neste Mundo! Com minha esposa fizemos
projetos que nos traziam tão alegres e felizes, que jamais esquecerei… - e uma
lágrima veio inundar-lhe o canto da boca – estou perfeitamente consciente do
que te passa pela alma, e te martiriza o coração, porém, sabes que nos tens ao
teu lado, a mim e à Josefina não é verdade? Esta será sempre a tua casa
enquanto o desejares, e nós a tua família se nos aceitares como tal… também
tens a alternativa de ir procurar o pai desse filho e chamá-lo à
responsabilidade…
- Ó não. Isso nunca – respondeu Fernanda em voz insegura – o
pior vai ser a minha família quando souber?
- Deixa essa parte comigo – retorquiu o médico.
O Sr. Félix conhecia vagamente a família de Carlitos por ter
convivido com o pai na Universidade de Coimbra embora em cursos diferentes. Um
medicina o outro engenharia. Contudo não exporia o caso já que Fernanda não o
desejava. Contratou um detetive privado para ir meter o nariz na vida desse
machista, e lhe fosse dando todos os pormenores.
Feliz natal visitantes
FELIZ NATAL portugal
Buon Natale italia
Frohe Weihnachten alemanha
Joyeux Noêl bélgica
Feliz Natal brasil
Feliz navidad ESPANHA
Joyeux Noêl FRANÇA
Счастливого Рождества russia
Merry Christmas Estados unidos
Natal Divino
Natal divino ao rés-do-chão humano,
Sem um anjo a cantar a cada ouvido.
Encolhido
À lareira,
Ao que pergunto
Respondo
Com as achas que vou pondo
Na fogueira.
O mito apenas velado
Como um cadáver
Familiar...
E neve, neve, a caiar
De triste melancolia
Os caminhos onde um dia
Vi os Magos galopar...
Miguel Torga, in 'Antologia Poética'
Sem um anjo a cantar a cada ouvido.
Encolhido
À lareira,
Ao que pergunto
Respondo
Com as achas que vou pondo
Na fogueira.
O mito apenas velado
Como um cadáver
Familiar...
E neve, neve, a caiar
De triste melancolia
Os caminhos onde um dia
Vi os Magos galopar...
Miguel Torga, in 'Antologia Poética'
quarta-feira, 12 de dezembro de 2018
Saudades
Saudades
António Braz
São tantas as saudades que vivencio, de tudo quanto me marcou na vida…quando vejo fotos desbotadas, ou sinto cheiros inodoros;
Quando ouço uma voz, e me lembro do passado, eu sinto saudades.
Sinto saudades de amigos que nunca mais vi, de pessoas com quem nunca mais falei ou cruzei...
Sinto saudades da minha infância, do meu primeiro amor, do único que me marcou, do desvairo que sofri, da paixão que me martirizou, do desencanto, do beijo que meus lábios secaram, daqueles momentos eufóricos de ternura e loucura.
Sinto saudades do presente, que não aproveitei convenientemente, lembrando-me apenas do passado, e asseverando o futuro…
Mas também sinto saudades do futuro,
cuja reciprocidade provavelmente idealizado, não será como eu pensava que seria…
Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e jamais apareceu;
de quem veio correndo,
sem me conhecer tal como eu sou,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.
Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi com sensatez!
Daqueles que não souberam como dizer-me Adeus
de gente que passou na calçada contrária da minha vida e que só avistei de vislumbre!
Sinto saudades de tantas coisas que tive, e de outras que não cheguei a ter, mesmo sendo fortemente desejadas.
Sinto saudades de coisas circunspectas, hilariantes, de fatos e experiencias…
Sinto saudades do meu Husky que alguém me ofereceu um dia, e que tão fielmente me amava, como só os animais sabem fazer!
Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!
Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,
Sinto saudades de tantas coisas vividas e das que deixei esgueirar-se sem as viver.
Quantas vezes procuro sem saber o quê? Nem onde? Para resgatar o desconhecido sem saber onde o perdi…
Vejo o mundo a girar e penso que poderia ter saudades numa só língua universal, mesmo não sendo poliglota, aquela que usamos no desespero, ou para contar dinheiro, fazer amor, declarar sentimentos fortes, onde quer que estejamos.
Será que tenho tantas saudades por ter encontrado a palavra certa todas as vezes que sinto o peito apertar, às vezes nostálgico, às vezes feliz, funcionando melhor que um sinal vital, quando falamos de sentimentos; prova inequívoca da nossa cessibilidade! Do amor que dedicamos ao pouco que tivemos, lamentando as coisas lindas que nos concederam…
António Braz
São tantas as saudades que vivencio, de tudo quanto me marcou na vida…quando vejo fotos desbotadas, ou sinto cheiros inodoros;
Quando ouço uma voz, e me lembro do passado, eu sinto saudades.
Sinto saudades de amigos que nunca mais vi, de pessoas com quem nunca mais falei ou cruzei...
Sinto saudades da minha infância, do meu primeiro amor, do único que me marcou, do desvairo que sofri, da paixão que me martirizou, do desencanto, do beijo que meus lábios secaram, daqueles momentos eufóricos de ternura e loucura.
Sinto saudades do presente, que não aproveitei convenientemente, lembrando-me apenas do passado, e asseverando o futuro…
Mas também sinto saudades do futuro,
cuja reciprocidade provavelmente idealizado, não será como eu pensava que seria…
Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e jamais apareceu;
de quem veio correndo,
sem me conhecer tal como eu sou,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.
Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi com sensatez!
Daqueles que não souberam como dizer-me Adeus
de gente que passou na calçada contrária da minha vida e que só avistei de vislumbre!
Sinto saudades de tantas coisas que tive, e de outras que não cheguei a ter, mesmo sendo fortemente desejadas.
Sinto saudades de coisas circunspectas, hilariantes, de fatos e experiencias…
Sinto saudades do meu Husky que alguém me ofereceu um dia, e que tão fielmente me amava, como só os animais sabem fazer!
Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!
Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,
Sinto saudades de tantas coisas vividas e das que deixei esgueirar-se sem as viver.
Quantas vezes procuro sem saber o quê? Nem onde? Para resgatar o desconhecido sem saber onde o perdi…
Vejo o mundo a girar e penso que poderia ter saudades numa só língua universal, mesmo não sendo poliglota, aquela que usamos no desespero, ou para contar dinheiro, fazer amor, declarar sentimentos fortes, onde quer que estejamos.
Será que tenho tantas saudades por ter encontrado a palavra certa todas as vezes que sinto o peito apertar, às vezes nostálgico, às vezes feliz, funcionando melhor que um sinal vital, quando falamos de sentimentos; prova inequívoca da nossa cessibilidade! Do amor que dedicamos ao pouco que tivemos, lamentando as coisas lindas que nos concederam…
segunda-feira, 3 de dezembro de 2018
Destinos e Destinados
Destinos e Destinados
Por António
Braz
3ª parte
Rompiam os primeiros raios de sol, na manhã do dia
importantíssimo, que os pais de Carlitos tanto ansiavam, por diversos motivos e
razões, no Palacete familiar, situado discretamente na periferia do Porto, onde
o parque arborizado com diversidade e gosto requintado, estranhava o vaivém de
tanta gente, e o ruido dos motores de automóveis alta gama, e as tulipas
pareciam fechar-se em “copas”, enquanto no interior o pessoal de serviço
comungava da hostilidade sem reminiscências, que é como quem diz: “olho vivo e
pé ligeiro”.
No seu quarto, enquanto o costureiro reputado dava
os últimos retoques ao smoking junto da janela, Carlitos de olhar fixo no
vazio, deixou que vagueassem pelo seu pensamento imagens de um passado recente,
e as de um futuro, quem sabe talvez exasperante, de pavor, de amargura, de tudo
menos de felicidade porque não amava Paula com quem se casaria dentro de poucas
horas. Ponderou ainda durante a noite anterior se haveria uma possibilidade de
fugir para longe com Júlia, mas… de que viveriam? E estaria ela disposta a
acompanhá-lo, depois de ter sido convidada, oito dias antes, para o seu
casamento com outra mulher? O suor gotejava pelo seu rosto vindo repousar na branquíssima
camisa junto do laço preto que o sufocava… o nervosismo dificultava o trabalho
do costureiro, mas não ousava adverti-lo porque os pais pagavam e muito bem…
- Carlitos, são horas – gritou uma voz feminina no
rés-do-chão - a limousine está à espera…
O costureiro terminara o seu trabalho, e para
grande perplexidade sua, o rapaz continuava hirto junto da janela parecendo não
ver nem ouvir ninguém. Tocou-lhe ao de leve no ombro ao mesmo tempo que
balbuciava: - estão à sua espera…
- Como? Ah, sim… vou casar não é?
- Creio que sim, menino.
Desceu as escadas como um morto vivo, sem alento
mas convicto de que seus pais só queriam o melhor para a sua vida.
-Estás lindo meu filho! Abraçou-o a mãe em
lágrimas, enquanto o pai de braço dado com a esposa, limitou-se a fixá-lo olhos
nos olhos como adivinhando a mágoa que perfurava aquele coração jovem, inexperiente,
enfim… no fundo não passava de um menino mimado ingrato, que sempre teve tudo e
mesmo assim não era suficiente… precisavas de uma lição da vida – pensava para
consigo.
Chegados à igreja onde Paula já esperava e desesperava,
Carlitos percorreu a passadeira vermelha acompanhado pelo pai sem lançar um
único olhar aos convivas numerosos e de olhar fixo nele como quem quer devorar…
Só, num canto discreto, Júlia vestia um lindo vestido de seda vermelha, sapatos
de salto alto, e um chale preto por cima dos ombros, chapéu com renda que lhe
ocultava as lágrimas, mas no coração uma dor que não era de rancor, era de
deceção, de amargura porque o homem que ela amava com todas as suas forças ia
casar na sua presença com outra. Sabia que não lhe pertencia, e jamais aspirou
a ser sua esposa… mas doía tanto!
O cortejo longo de 1 km percorreu o trajeto que os
separava de onde se realizariam as festividades, buzinando, e lançando flores,
até à Quinta da Ponte do Louro, Carlos e Paula eram marido e mulher casados.
quarta-feira, 21 de novembro de 2018
Si...
Si pudiera vivir nuevamente ...
"Si pudiera vivir nuevamente mi vida
en la próxima trataría de cometer más errores.
No intentaría ser tan perfecto, me relajaría más.
Sería más tonto de lo que he sido
De hecho tomaría muy pocas cosas com seriedad.
Sería menos higiénico; correría más riesgos,
haría más viajes, contemplaría más atardeceres,
subiría más montañas, nadaría más rios.
Iría a más lugares a donde nunca he ido,
tendería más problemas reales y menos imaginarios.
Yo fui una de esas personas que vivió sensata y
prolíficamente cada minuto de su vida,
claro que tuve momentos de alegria,
pero si pudiera volver atrás, trataría de tener solamente
buenos momentos.
Pero si no saben, de eso esta hecha la vida, solo de
momentos; no te pierdas el de ahora.
Yo era uno de esos que nunca van a ninguna parte sin un
termómetro, una bolsa de agua caliente, um paraguas y un
paracaídas; si pudiera volver a vivir, viajaría más
liviano.
Si pudiera volver a vivir comenzaría a andar descalzo a
principios de la primavera y seguiría así hasta concluir el otoño.
Daría más vueltas en calesita, contemplaría más amaneceres
y jugaría com má niños,
si tuviera outra vez la vida delante.
Pero yá vem, tengo 85 años y sé me estoy muriendo!..."
Desconhecidoimagem do google
"Si pudiera vivir nuevamente mi vida
en la próxima trataría de cometer más errores.
No intentaría ser tan perfecto, me relajaría más.
Sería más tonto de lo que he sido
De hecho tomaría muy pocas cosas com seriedad.
Sería menos higiénico; correría más riesgos,
haría más viajes, contemplaría más atardeceres,
subiría más montañas, nadaría más rios.
Iría a más lugares a donde nunca he ido,
tendería más problemas reales y menos imaginarios.
Yo fui una de esas personas que vivió sensata y
prolíficamente cada minuto de su vida,
claro que tuve momentos de alegria,
pero si pudiera volver atrás, trataría de tener solamente
buenos momentos.
Pero si no saben, de eso esta hecha la vida, solo de
momentos; no te pierdas el de ahora.
Yo era uno de esos que nunca van a ninguna parte sin un
termómetro, una bolsa de agua caliente, um paraguas y un
paracaídas; si pudiera volver a vivir, viajaría más
liviano.
Si pudiera volver a vivir comenzaría a andar descalzo a
principios de la primavera y seguiría así hasta concluir el otoño.
Daría más vueltas en calesita, contemplaría más amaneceres
y jugaría com má niños,
si tuviera outra vez la vida delante.
Pero yá vem, tengo 85 años y sé me estoy muriendo!..."
sexta-feira, 16 de novembro de 2018
Destinos e destinados
Destinos e destinados Por António Braz
2ª Parte
Fernanda foi encontrada
num jardim público, no dia seguinte, quase morta de frio fome e sem alento, por
um Senhor que passeava seu cão. Não sabia como tinha ido parar ali, apenas se
recordava que estivera à beira do abismo. O suicídio era a única saída que via,
porém, algo ou alguém a agarrava puxando-a … e depois de tantos avanços e
recuos caiu numa espécie de coma barbitúrico. Assustado com a descoberta do seu
cão lavrador, o senhor Félix, médico de profissão, tomou imediatamente o pulso
da rapariga. Vivia; embora em estado de hipotermia avançado. Pegou no telemóvel
para ligar à polícia, mas logo a rapariga, mesmo em estado de debilidade,
gesticulava com a mão negativamente. -Não? Mas… levou a moça para a sua casa e
só quando já tinha recuperado, teve conhecimento da sua história com todos os
pormenores.
Era Sexta-feira, e como
em quase todas as Sextas-Feiras, a família do Carlitos, preparava-se para ir
passar o fim-de-semana na casa do campo. Ao pequeno-almoço repararam, que a
mesa não tinha sido posta como de costume, o que afligia a Senhora Beatriz,
visto o marido poder ficar de mau humor para o resto do dia… gritou percorrendo
toda a casa, à procura da Fernanda, subiu ao andar superior onde ela dormia, e
nada. Perguntou ao Carlinhos se a tinha visto e este respondeu negativamente
sem se sociar do que poderia ter acontecido…
Na casa do campo morava
um caseiro e a esposa disponibilizar-se-ia para as tarefas correntes, pelo que
o caso Fernanda caiu brevemente no esquecimento, e, criadas não faltavam por aí…
Para o Carlitos e júlia
era mais um fim-de-semana tão desejado que não hesitavam em zarpar para os
lugares secretos que tão bem conheciam, e onde podiam dar asas aos desejos de
beijos ardentes, sem jamais terem passado essa barreira imposta pela moça que
sabia perfeitamente que aquele homem por quem estava apaixonada nunca seria seu
marido dadas as diferenças sociais, e os pais não eram de sentimentos.
Brincavam como gaiatos enrolados num prazer de felicidade em cada minuto que
passava, como se aquele viver pudesse durar eternamente… corriam pelos campos
fora como loucos, nadavam nus na ribeira, trocavam olhares apaixonados, e riam,
riam de tudo quanto era imposições, obrigações, comportamentos, indiferenças,
enfim… só existiam eles no mundo. Mas o Carlitos possuía o dom de predador com
orgulho desmedido, e na sua cabeça cogitava desde há muito tempo, a maneira
astuciosa de fazer cair na esparrela aquela moça que fazia palpitar seu
coração, e por quem nutria um ansejo incontrolável de possessão. Já tinha
desperdiçado demasiado tempo pelo que chegara a hora de passar aos atos
concretos. Foram dar uma volta de automóvel até ao castelo deserto, e pelo
caminho as suas mãos zanzavam pelas partes intimas da moça, que incomoda ia
sapeando resistindo, resistindo, até que: Pararam o carro num caminho escuro e
deserto. E enquanto se beijavam ardentemente o Carlitos carregou no botão de
baixar o assento. Caíram um sobre o outro e aí ficaram enlaçados num ato
consumado.
De volta a casa, Júlia
reparou na mudança de atitude do rapaz, e não compreendia aquele inédito
abstratismo, perguntou: - Não foi bom Carlinhos meu amor? Porque ficaste assim?
Não era o que desejavas desde que nos conhecemos?
- Pensava que eras só
minha? Esperava tanto ter-te só para mim…
- Em que século vives? Eu
sou só tua.
- Como posso acreditar,
se a tua virgindade pertenceu a outro?!
- E tu? Será que podias
ser-me fiel, e casar comigo?
-Falamos de ti… e
acredita que me dececionaste. Gosto de ti, mas…
- Mas tens namorada com
quem vais casar e eu que fique para aí à espera do Rei que traz um sapo na
barriga, disposta a aceitar os teus caprichos de menino mimado que não vive no
mesmo século dos outros mortais e faz exigências convenientes ao seu ego. É
assim?
Separaram-se nestes
termos, e quando se aproximavam de casa sentiram os olhares dos pais do Carlos
que pareciam adivinhar o que se tinha passado e a mulher olho para o marido com
ar interrogativo ao mesmo tempo que dizia:
- Creio que devemos
averbar o casamento, não achas?
sábado, 10 de novembro de 2018
Puridade
Puridade
Por António Braz
Passadas QUATRO décadas no
“frenezy” da tutoria inerente, começaram a manifestar-se, na personalidade
específica do puto, sintomáticas mutações depauperadas recorrentes da apatia,
talvez assolado pela saturação e monotonia, ou pelo pavor de envelhecer
eremítico longe de tudo e de todos, sem carinho nem afeto; sem uma verdadeira
família, esposa e filhos para dar e receber carinhosamente, o que um bom
coração encerra e não permite espairecer. Viveu, até esta data, tão
intensamente, segundo os seus próprios critérios de conduta, simples e
honestamente, guardando o mais secretamente possível, momentos inesquecíveis,
de fraqueza, os quais poderiam ser considerados errôneos, de profanações pelos
que creem em propagandas baratas de teólogos os quais põem o carro à frente dos
bois e não se cansam de dizer: “fazei o que eu digo e não façais o que eu faço!
E o puto regredia no tempo e revia o filme desses bons pregadores,
transgredindo, praticando atos malévolos, abandonando filhos para preservar o
sacerdócio, dar aos ricos o que pertencia aos pobres, e sem remorsos partir
para o que: alguns lhe chamam de outro mundo, sem deixar o legado de um tostão
àqueles a quem concebeu a vida, e uma simples confissão baniu do pecado.
Voltando ao puto,
matutava, cada vez mais frequentemente, na ideia de deixar de lado este viver,
que, mesmo sendo maravilhoso, a longo prazo tornar-se-ia subversivo. Começou a
frequentar “dancings” na esperança de encontrar a sua metade a fim de construir
um futuro, porém, rapidamente notou que não eram de todo o género de pessoas
que procurava. Os amigos apresentavam-lhe fêmeas que também não possuíam os
requisitos necessários. Continuava a divertir-se com elas sem pretensão alguma
nem ofensa do termo, mas, o tempo escasseava, oscilava, e começava a sentir
vexame em convívios com pessoas mais jovens, embora espiritualmente guardasse
rejuvenescimento.
E num dia de primavera,
estacionado na praça de táxis da “porte de champerret”, enquanto esperava os
clientes, teve uma espécie de sonho tão profundo, onde a sua vida iria ter uma
reviravolta tão acentuada que o levaria a deixar a profissão que exercia e o
saturava, encontrar uma mulher com quem casaria, e juntos trabalhariam agradavelmente
num prédio de seis andares; teriam duas filhas tão lindas que na rua as pessoas
mandavam parar o carrinho para as admirar, um lar tão feliz como o dos contos
de fadas. E foi uma real visão que o puto teve… no decorrer desse mesmo ano,
num baile de verão, na pacata terra que era a sua, foi chamado para um canto
mais discreto por um amigo mais velho que ele, e vinha acompanhado de uma senhora,
que lhe apresentou… cumprimentou-a cordialmente, sem deixar transparecer a
empatia. Foram dançar várias vezes mas o diálogo não se estabelecia… até que
por fim ela deu-lhe o seu endereço em paris caso quisesse visitá-la.
Não ficou muito
entusiasmado o puto, porém, para satisfazer a curiosidade, foi visitá-la
chegando pouco tempo depois à conclusão que era a mulher que aparecia na sua
visão. Também os ouros desejos se concretizaram, e o puto que não acreditava em
visões foi subjugado de onde saiu feliz.
sábado, 3 de novembro de 2018
Dia de todos os Santos
Tal como cantava “ Carles Aznavour; ils sont venus ils sonttous là “ para honrar os heróis da terra, que o uivar do vento numa noite invernal
de pavor silenciou perante a estupefação dos sincelos (candeolos) pendentes dos
beirais, também eles envelhecidos pelo tempo, e as impressões digitais deixadas
na brancura da neve, nos caminhos que tantas vezes pisaram, revelam nostálgicas
saudades, daqueles que jazem noutro panteão, por esse mundo fora… e o cemitério
seria tão pequeno… e na igreja não caberiam todos… e a Aldeia já não os
reconheceria… porque deixaram seus ninhos, e como as andorinhas só voltaram
alguns filhos, um ou outro neto, não fugiram, perderam-se, andam à deriva ou
estão em paraísos, assim estava escrito.
Com perfumadas flores ornamentamos os vossos túmulos, com
lágrimas expandimos as saudades, e com carinho e amor recordar-vos-emos para
sempre.
DESCASEM EM PAZ
sábado, 20 de outubro de 2018
Destinos e Destinados
Destinos e destinados de António Braz 1ªparte
Uma história de ficção científica do meu manuscrito que data
dos anos 78. Vou tentar resumir com as menos páginas possíveis, o que não vai
ser fácil, sabendo que engloba 6 cadernos de 120 páginas.
Não sendo considerada uma história de amor, tentei elaborar
através das personagens, acontecimentos fatídicos, expandidos por terras onde a
ingenuidade frágil e vulnerável, se expunha aos poderosos de bom ou mau grado,
sem direitos de rebelião, e desinteresse que determinados acontecimentos
viessem à tona da água.
A Fernanda, abalou um certo dia, após uma quezila com o pai,
para o Porto onde uma amiga lhe arranjara uns patrões para trabalhar como
criada a tempo inteiro. Tinha então dezanove anos, pouca experiencia, e a vida
citadina era uma descoberta agradável para a jovem acostumada à rudez no
cultivo dos campos, e às frequentes agressões verbais, por parte da
paternidade. A sua formosura não obtinha o realce merecido, por culpa das
vestimentas simples e pálidas, do seu cabelo ao vento, mas sobretudo porque
nunca soube o que era maquilhagem… tinha uns lindos olhos verdes, face
pigmentada, e boca polposa, esbelta, mas sempre com ar tristonho, como quem
vive a vida por viver… nunca tinha namorado, apenas se afeiçoou por um rapaz da
terra mas não era correspondida… meses depois, já bem integrada no seu rodeio,
começou a notar os olhares persistentes do Carlos, filho do patrão, belo homem,
e quando se deu por conta, estava completamente enfeitiçada, hipnotizada, como
tantas outras vitimas deste sedutor nato, irresistível.
Filho único, de pais abastados, o Carlitos frequentou a
Universidade de Direito, mas, a meio do curso achou que era uma maçada,
resolveu abandonar, sem ponderar nem respeitar o desejo dos pais. Dedicava-se
exclusivamente ao laxismo vaidoso com engrenagem abusiva, descomplexado, com
princípios arcaicos, fundamentados em valores de superioridade e inferioridade.
Não tinha beleza interior!
Oficialmente namorava com a Paula, de 23 anos de idade, loira
natural, alta, magra, pele fina, esbranquiçada, que estava acabando o curso de
Economia, um arranjo familiar, num jantar marcado na propriedade para o efeito,
mas que o Carlitos, demonstrava afeição protocolar, para não contrariar os
projetos idealizados pelos progenitores, os quais prezavam a preservação do
império herdado.
A sua verdadeira namorada, aquela a quem demonstrava ter um
tacanho de amor, a Júlia, vivia nos arredores do Porto, junto da casa do campo
da família, onde iam frequentemente passar os fins-de-semana, andar a cavalo,
dar uns mergulhos na piscina, fazer picnics, ou jogar golfo, conjuntamente com
pessoas da alta sociedade. Era uma linda moça, teria sido miss Beira Alta, mas,
de uma rebelião desconcertante, o que deixava muitas vezes o Carlitos
desesperado, mas ao mesmo tempo, excitava-o encontrar alguém capaz de fazer
frente aos seus caprichos de menino mimado… às escondidas dos olhares curiosos,
discretamente, arranjava encontro com ela sempre no campo, em lugares pouco
frequentados, e apesar da moça apenas ter concluído a escola secundária,
aprendeu muito na escola da vida… sabia defender-se, embora tivesse um
fraquinho pelo sedutor.
Este ritual de namoro proibido durou alguns meses sem que
ninguém se apercebesse. Porém, o Carlitos, não era de se contentar com
palavreado barato, com a troca de um sorriso passageiro, um piscar de olho
rápido, o beliscar de uma nádega num canto discreto, um beijo roubado enquanto
o tempo passava veloz. Só no seu quarto, pensava na maneira de armar a
ratoeira…estabeleceu com todos os pormenores, a passagem aos atos machistas,
não fosse perder as proas ali junto dele, à sua mercê. Na sua mente começou a ruminar
astuciosamente a maneira de chegar a uma relação consumada – porque isto de
passar o tempo não o carateriza – anelava num anseio desmedido, babando-se
como um cão farejando a fêmea em estado de ardência! Levou pouco tempo a
concretizar os seus intentos. Com a pobre Fernanda usou o assédio patronal chantageando-a
com o despedimento, e numa manhã em que ela lhe levou o pequeno-almoço ao
quarto, certificando-se de que não se encontrava mais ninguém em casa, fechou a
porta por dentro à chave, e, mediante a estupefação trémula da moça, retira o
roupão que cobria o seu corpo nu, dirige-se para ela lentamente, retira-lhe o
tabuleiro das mãos, e verificando que iria desmaiar, agarra-a com os seus
fortes braços, e ao mesmo tempo que lhe segredava aos ouvidos para não ter
medo, deitou o corpo inerte na sua cama, poisando ao de leve os seus lábios ressequidos
de desejo nos dela quase gelados, e com uma das mãos bajulou-lhe um dos seios,
enquanto com a outra dava palmadinhas no rosto inanimado da vitima, reanimando
aqueles olhos tristes e temerosos, sem uma palavra, sem um remorso, apenas um
desejo feroz de possuí-la, não atendendo aos gritos, lamurio, nem ao postular
intenso que a levou à rouqueira, à perdição da sua virgindade e da dignidade.
Quando desceu para a cozinha a cambalear pelas escadas em soluços, sentiu-se
suja, desesperada, sem saber o que fazer, de uma vida que deixara de ser a sua,
de um corpo encapetado, sem alma, sem forças para fugir… fugir, fugir
terça-feira, 2 de outubro de 2018
O fim de um sonho lindo
O fim de um sonho lindo
Por: António Braz
Abdicar da única esperança de concretizar os sonhos
de menino não foi tarefa fácil para o puto… ruminara na sua mente, durante
tanto tempo, a possibilidade de aparecer um coração bondoso que lhe
proporciona-se, um meio, fosse qual fosse, de estudar, partir para outros
horizontes, conhecer tantas maravilhas que por certo existiam longe daquele
buraco de ratos engaiolados, e chegada a hora dessa grande oportunidade,
sentia-se na obrigação de recusar, magoado, ferido no mais intimo do seu ser,
mas, a honestidade bradava-lhe aos ouvidos repetidamente: não podes enganar
pessoas tão generosas e bondosas se te julgas sem vocação para o sacerdócio…
A razão falou mais alto e veio paliar o que durante
tanto tempo ruminou naquela cabecita inocente, desnorteada, talvez até com
excesso de desvairo? Verificou-se também uma enorme deceção no olhar daquela
maravilhosa Senhora cujo gesto de generosidade era também simbolizado por um
forte desejo de realizar uma grandiosa ação para com Deus. Nunca poderia ser
padre.
Mas a vida continuou e a roda girando veloz,
através de um emaranhado de peripécias contundentes sem concessões mas com
propósitos indefinidos, porque o puto nascera assim… dotado de uma linda voz
mas nunca foi cantor… jogava bem à bola mas não obstante para ser um bom
futebolista… com critérios de comediante incipientes… seria o seu destino
aquele que o norteou enveredando por outros caminhos? Prevaleceu durante longos
anos a dúvida do ego, a definição concreta do seu verdadeiro ser ou não ser?
Porém, mesmo vivendo o dia-a-dia, prezava-o aquela cupidez, gozando de uma
felicidade peculiar, dissoluta, respeitando sempre os valores e princípios que
trazia na bagagem, e não esquecendo nunca a sua verdadeira família, que apesar
de pobre eram o bem mais precioso que lhe foi atribuído pelo todo-poderoso.
Enquanto adolescente, para além dos numerosos
relacionamentos, apaixonou-se por uma boneca, um dia, uma noite, quem sabe
quando e porquê? Aquele primeiro beijo, ao cair da noite, implementou nele, um
malévolo eterno. Amaram-se tão profundamente! Mas, estava escrito que nunca
chegariam a ser marido e mulher, apesar das lágrimas derramadas, dos desejos
consumados, das tentativas de fuga, dos momentos inesquecíveis passados no refúgio
dos olhares indiscretos. Nunca prometeram o que quer que seja um ao outro
durante esses dez anos de ruturas e reconciliações. Unidos pela magia de um
poder sobrenatural pertenceriam para sempre um ao outro mesmo seguindo por caminhos
diferentes…
E o puto tornou-se um jovem imaturo, mas, sabia o
que queria, pelo que foram numerosas e pertinentes as tentativas, atendendo aos
magros meios que possuía, par subir a grande escada sem contar com a ajuda dos
que tinham o braço comprido… sentia-se realizado mesmo não tendo protagonizado
um ideal e jamais ter ambicionado projetos a longo prazo… perpetrou
secretamente o adultério, acatou o aborto, foi banzado pela perícia da homossexualidade
numa consulta de rotina com o Dr. Nodet, assediado por um marido impotente,
convidado para “partouzes” (relação a três) com casais da alta sociedade,
oferta de pagamento, na cama, o taxímetro, conviveu com travestis, transportou
personagens importantes, saindo do cabaret drogados, cantores, atores, homens
do “show business”, almoçou com magnatas do petróleo, levou a casa o Abbé
Pierre, tomou um café convidado pelo “Michou” viveu intensamente a vida
Parisience sem desencarrilar, avaliando ponderadamente cada situação das quais
saiu sem desdouro; será que se pode considerar uma aberração?
segunda-feira, 17 de setembro de 2018
Divino Senhor da agonia dos chãos
Uma festa, romaria, feira, pega de touros mas sobretudo a Eucaristia celebrado pelo bispo Cordeiro, e uma procissão extraordinária, não esquecendo as copiosas merendas à sombra dos
freixos. LOCAL SAGRADO.
freixos. LOCAL SAGRADO.
segunda-feira, 10 de setembro de 2018
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