Mineiras de Murçós
Recuando no tempo das vacas magras, décadas 60/70, Salazarismo e povo carenciado, oprimido e explorado ao benefício de meia dúzia de Lordes, sem escrúpulos nem remorsos de consciência…Em Murçós começaram a aparecer aqui e ali, filões de minério que viriam a fazer a felicidade dos moradores, e dos que vieram de outros horizontes, à procura de melhor viver social. No início, estas riquezas eram exploradas artesanalmente, ás escondidas, com furtos engenhosos e vendidas às escondidas… a guerra Colonial, primeiros consumadores de Volfrâmio, Xalite e Estanho, ajudou, mas, os meios de exploração eram frágeis, e, enquanto não foi entregue a uma Empresa Belga, as coisas não correram lá muito bem. Chegou a Empresa salvadora, e tanto os trabalhos como, os direitos e vigilância tomaram a disciplina desejada, e, a pleno gaz, milhões de camiões e milhares de quilos de minério passaram pelas ruas de Murçós, ao ponto de rebentar com o solo, enquanto não encontraram o desvio necessário. Para os moradores, a vida era bela… ganhavam e gastavam com abundância, e os comerciantes esfregavam as mãos de contentamento… matavam-se vitelas, cordeiros, cabritos; dançavam e cantavam ao Domingo, chegou a haver mais movimento que na vila de Macedo de Cavaleiros…O solo era fértil, e, com maquinismo, lavandaria e energia eléctrica, cavaram-se galarias de centenas de metros, assim como buracos de uma profundidade medonha…Era duro dizem os que lá trabalharam, mas éramos recompensados… na Aldeia não faltava nada…
Infelizmente em 76, a guerra colonial acabou, e, o maior consumidor, que era o Estado, deixou de comprar, e, o Empresário Belga fechou as portas e levou as chaves da felicidade!
Desinfectadas recentemente, pelo Estado, por 600,000 euros que a CE enviou para tal, é vergonhoso e lamentável ver os trabalhos efectuados… uma vedação metálica, pequeno aterro das areias, e plantação de ervas aquáticas, com resguardos em cimento nas partes mais perigosas, foram os trabalhos efectuados por uma empresa que ninguém conhecia, salvo o Engº do Ministério…plataformas previstas em madeira, ficaram no esquecimento, assim como a praia fluvial, onde a rapaziada costumava ir passar as tardes quentes de verão, e dar uns banhos. Tanta riqueza existente num solo que pertencia à freguesia, foi engolida não se sabe por quem nem como, já que estava prevista a inspecção de uma comissão de União Europeia que ninguém viu… vergonhoso! Restam os vestígios da vergonhosa maneira de proceder dos cidadãos Portugueses que deviam ter remorsos na consciêencia…
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