sábado, 12 de novembro de 2022

O medo tentou raptar-me. Levou-me por caminhos incertos. Mostrou-me os espinhos e escondeu as rosas. Quis-me fazer acreditar que a Primavera não iria voltar e que eu estava definitivamente condenada a sofrer. O medo convidou-me para conhecer o lado oposto da vida. Roubou-me o sol e disse-me que na escuridão tudo era mais perfeito. Atordoada segui-lhe os passos sem compreender que não estava a caminhar. Com ele só poderia retroceder ao que não queria voltar a viver. Ele queria impor as suas regras e mudar quem eu sempre fui por vontade própria. Apagou-me o sorriso dos lábios. Riscou a palavra felicidade do meu dicionário. Aceitei ser refém dessa sombra para que ninguém visse o tormento que me perseguia. Não queria que vissem a cor da minha mágoa, nem sentissem o cheiro do meu sofrimento. Fiz essa viagem ao fundo do abismo. Quis acreditar que o mundo era um inferno em chamas e que sofrer era a forma certa para viver. Quis perder-me no meio da escuridão para não ver o que está à minha volta. Só que a meio do caminho senti o cheiro do amor. Vislumbrei as pétalas de uma rosa por entre os raios do sol que não obedeceu às ordens do medo e continuava ali a iluminar os meus dias naquela floresta negra onde andava perdida. Chamei pelo amor, indiferente ao olhar ameaçador do medo que me queria calar a todo o custo. Chamei por mim e pedi de volta todos os meus sonhos sem querer saber se o medo iria ou não aceitar esta minha decisão. A vida era minha e ele era apenas um intruso que estava a virar do avesso a minha realidade. O medo quis raptar-me, mas o amor ensinou-lhe que num coração com sentimentos quem manda é ele. Expulsou o medo da minha vida e comecei a viver de braço dado com a alegria que o amor me mostrava, desenhando linhas por onde deveria caminhar se quisesse continuar a sorrir. O medo retirou-se contrariado, mas ninguém lhe deu grande importância. O foco era viver e sentir a vida a cada momento e essa é uma dança que o medo mão sabe dançar. @angela caboz

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