sábado, 18 de março de 2023

Destinos 621 AB O estado do Sr. Félix debilitava-se de dia para dia. Ainda assistiu ao final de curso do filho adotivo, orgulhoso e com um sorriso que supostamente demonstrava alegria que o coração já não conseguia acompanhar. Ordenou que fosse levado para casa pois precisava descansar. Fernando A, agora médico, sentiu a falta do homem que mais desejava que assistisse ao repasto em família, porém, tinham conversado no seu quarto no dia anterior em companhia da mãe, e dito tudo que havia para dizer, notando a fragilidade que lentamente se aproximava de um fim que aconteceu no dia seguinte enquanto dormitava e Fernanda fazia o almoço. Foi a criada a dar o alerta, Fernando A dormia havia uma hora, o que não conseguiu fazer durante a noite, ansioso e temeroso a sua mente não podia conceber que aquele homem partisse das suas vidas… soltou um grito feroz quando foi anunciado o falecimento do seu pai que amava com todas as suas forças mesmo sabendo que não era o biológico. Revoltado sabia não poder mudar o curso da vida, mas doía-lhe tanto… No funeral compareceram pessoas importantes, para além daqueles que lhe deviam favores, e eram muitos. Fernando A plantou uma rosa branca na sua campa e retirou-se para o escritório onde permaneceu horas sem fim. Sua mãe toda de negro vestida com um chapéu de cor discreta e abas grandes, recebeu os sentimentos dos presentes inclusive de Carlos que veio acompanhado onde existiu uma certa hesitação que não entrava no protocolar. Júlia que se encontrava discretamente algumas vezes com o homem que amou, sentia pena, mas não demonstrou infidelidade nem desonestidade, tinha uma família exemplar e seu filho concluiu também no dia anterior o curso de engenharia informática, tendo estudado em Coimbra como o irmão que não conhecia. Fernando C tinha pernoitado num casebre de drogados a consumir e beber álcool e quando entrou em casa dos avós o seu estado era lastimável, não retirando o amor que lhe dedicavam. O casal olhou um para o outro cruzando as mãos como a implorar socorro para o que eles se sentiam impotentes. Tinha deixado de frequentar a escola desde que a borboleta o ignorava sem saber porque razão… gostava daquela moça e era correspondido, porque tinha o céu de cair-lhe em cima?

Sem comentários: