Amanheceu. O tempo serenou. Abrimos a janela e um pássaro canta na frescura da árvore vestida de ouro, em tempo outonal. Desligamos a Televisão… deixamos de entender o mundo. As certezas de ontem são as incertezas de hoje. Não há passado porque se perdeu no desrespeito pela tradição... e se ignorou a dignidade humana instituída. Não há presente porque se afoga nos calabouços do medo e do tempo incerto. Não há futuro porque não se pode planear…prever…a lógica da incerteza fragiliza os mais frágeis que vivem o presente sem horizontes de amanhã, sem a frescura renovadora da esperança.
Hoje, ainda tomamos o pequeno-almoço pela manhã no recato da nossa casa… Quantos dias poderemos tomar o pequeno-almoço pela manha? Não sabemos… vivemos no sobressalto… no medo do saque consentido… na eminência da pobreza planeada.
Gostava de saber de um sítio onde não houvesse Estado… onde as Leis assentassem na honradez dos vizinhos…regressar ao Comunitarismo… cultivar a horta…criar o porco e as galinhas… viver em paz com os vizinhos na esperança que não me saqueassem o renovo, nem me assaltassem a capoeira.
Mas não vale a pena sonhar…os velhos comunitarismos são uma miragem… o reino maravilhoso do Torga… morre paulatinamente… grande é o deserto!
O Povo continua a votar no seu Partido… a comprar o tractor maior do que o do vizinho… a assistir resignadamente à morte dos idosos… as crianças deixaram de jogar ao pião e ao giroflé… giroflá na cerca da escola… E um dia breve... talvez a última criança, do tal reino maravilhoso que morre duma forma ignóbil, legal e consentida às mãos do Poder de Lisboa dirá sozinha a última lenga-lenga, na imensidão dos destroços dos casebres abandonados:
Um dó li tá
Este texto é da autoria do Dr. Fernando Calado...escrito e publicado no facebook com mestria e erudição... resume na perfeição o estado critico de um País debilitado pela corrupção, incompetência,, suborno, e por aí fora... exemplarmente seguido pelo Município de Macedo de Cavaleiros que em três mandatos, e com fome de mais um, conseguiram dilacerar, um concelho com divida superior a 30 milhões de euros,(3ª lugar em Portugal) ludibriar os munícipes mais vulneráveis, e deixar retrogradar uma cidade para aldeia
permitindo, sem remorsos de consciência, o furto das infra-estruturas para o desenvolvimento sustentável, e a manutenção preventiva, do que existia mantendo viva e alegre uma pequena cidade já com poucos recursos... estou falando do Peaget, do Hospital e urgências dos comércios que fecharam portas, da zona industrial que não passa de um "barracamento", brevemente da repartição de finanças e correios, os Bancos seguirão o mesmo caminho, e os pobres Macedences, perguntam a Deus porque foram abandonados? -E este responde -só tendes o que mereceis...Grande cumplicidade vem das Aldeias e dos seus moradores pusilânimes...Da influência sócio-cultural contextual? Talvez!
É uso, frequente, nos meios Rurais, salientar a naturalidade do ser humano em abnegação da cidadania, facto que nos convida à reflexão sobre os preconceitos de carácter racista... afinal quem é de cá ou de lá? Quase todos somos oriundos de onde a nossa mãe pariu... contudo, segundo certos critérios não podemos usufruir dos mesmos direitos... também as etnias sofrem a mesma discriminação., lamentável!Alguns destes discriminadores dizem sermos todos filhos de Deus mas não querem ser nossos irmãos...humilhar-se para ser exaltado seria aconselhável... mas, quando se é enlameado injustamente, teremos que tender a outra face para levar um estalo? Ninguém pode servir de referência meu caro leitor... quanto aos telhados de vidro, quem os compra com o suor do seu rosto, está blindado contra os maus olhados, a inveja, e a pretensão de calar o que foi adquirido democraticamente, cumprindo o dever cívico, que não deve ter sido o seu caso, pelo contrário deve ter andado a ser alimentado com a ajuda dos meus impostos.
Continuar a elogiar os que vos destruíram, vos indignaram, vos humilharam é o lema que vos apraz em detrimento do que podiam ter e jamais terão... deo gracias!
2 comentários:
Tonho
Há coisas que escapam à nossa capacidade de compreensão. A insistência no voto em quem só se lembra do interior para o ir recolher é uma dessas coisas, pelo menos para mim.
Beijos
Fátima: haveria tanto a dizer sobre o assunto, que, infelizmente continua tabout, por simples hipocrisia. Enfim... que se lixe a luta... eu cansei-me da ingratidão, pelo que resolvi fazer como os vira-casacas... repousar-me à sombra da bananeira a ver passar o comboio dos falsos passageiros. Que Deus os acompanhe e a mim não desampare.
Obrigado beijos
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