Fazendo contas à vida…
… Ela é madrasta! Mais que isso; ela é o que nós muitas
vezes queremos que seja, independentemente dos resultados pessimamente
ordenados, e meticulosamente orquestrados, segundo critérios aproximativos do
bom senso, ou da teimosia disparatada que transforma os seres humanos em
“fragas” que nem mesmo a água mole por tanto bater consegue furar…
Vamos recuar no tempo para melhor compreensão do que
escrevo. Casei com uma mulher, aos 14 de Agosto de 1988 e não com uma terra e
muito menos com os seus habitantes que sempre respeitei, apesar das
dificuldades em me integrar na fase construtiva do nosso lar. Confesso que
teria preferido ir morar para a minha terra, onde me sentia como o peixe na
água, mas as circunstâncias materiais e financeiras forçaram a minha decisão
ponderada. Dez anos mais tarde voltamos definitivamente para Portugal, e
resolvemos em comum acordo com minha esposa, fixar a nossa residência em Murçós
onde ela possuía uma casa comprada com as suas economias.
Foi através da numerosa juventude, do desporto, e do futebol
em particular, que adquiri o estatuto de membro (bacano) convivial e me fui
integrando nos usos e costumes d’uma população tendencialmente idosa, com
ideias e conceitos firmes nas ideologias politicas que outros mais instruídos
lhes transmitiram através de ameaças acatadas como donos da justiça e da razão.
Neste tempo foi constituída uma associação, Cultural Desportiva e Recreativa
com o intuito de dinamizar a numerosa juventude nas diversas áreas, contudo,
apesar dos esforços e boa vontade do homem que teve a iniciativa, esta
manteve-se ativa durante algum tempo, apenas com a modalidade desportiva,
especialmente futebol. Foram tempos de glória para uma equipa de amadores
alguns deles dotados de grandes potencialidades técnicas cujo desenvolvimento
requeria constante prática sob o domínio de profissionais. Foi sobretudo um
período de convivialidade sem constrangimentos nem restrições, e os mais idosos
acompanhavam, quer jogássemos em casa ou nas deslocações, transportados em
camionetas autocarros ou carros pessoais; os numerosos trofeus ganhos nestes
confrontos com Aldeias regionais em torneios e campeonatos, comprovam, ainda
que meio esquecidos num canto do café Central, a assiduidade, empenho e zelo
que com muita dedicação trazíamos orgulhosos, como qualquer vencedor…
Fui nomeado o “mister” cujo cargo desempenhava
benevolamente, com entusiasmo, orgulho e dedicação, talvez por ter praticado
este desporto toda a minha vida de jovem, mas sobretudo porque me sentia bem
neste meio que sempre fez parte integral do meu viver de apaixonado pelo
desporto e sentido convivial que apraz e apazigua os percalços da vida e sua
monotonia.
O tempo foi passando veloz, e , pouco a pouco, os garotos
cresceram e tornaram-se homens. Alguns deles acabaram os cursos e foram à
procura de novos horizontes que se abriam ao desempenho de funções bem
definidas; outros Emigraram para terras de melhores condições financeiras, e no
café do Reis, que se enchia durante as noites frias de inverno, começaram a notar-se
vagos lugares de pessoas sempre dispostas a animar o ambiente agora moroso.
Em 2001 foi ano de eleições Autárquicas, e eu convidado para
assinar uma lista partidária, com o intuito de ocupar o 2º lugar, deixado vago
por motivos de falecimento súbito de um dos membros do precedente executivo, e
a desistência de outro, manifestando saturação e discordância com o facto de o
Presidente residir em Lisboa, recaindo sobre ele todas as responsabilidades e desempenho
de funções supostamente ao cargo deste. Ganhou o partido da minha lista, sendo
eleita legalmente a assembleia de Freguesia, assim como os dois membros,
secretário eu e tesoureiro o 3º da lista proposta. No dia da tomada de posse,
recebi das mãos do Presidente do executivo uma autorização assinada e carimbada
dando-me plenos poderes na sua ausência, visto residir e trabalhar em Lisboa.
No precedente mandato tinha sido construída a sede da Junta geminada
com a casa paroquial, com a magra participação dos habitantes, (duas geiras
cada lar) cujos fundos de financiamento, vieram sobretudo da instituição FFF,
destinadas às despesas correntes durante o mandato de quatro anos. Teve
igualmente o Município um papel preponderante para desempenhar,
disponibilizando Arquitetos, Engenheiros, licenciamentos, autorização de
construir por administração direta, para além das ajudas financeiras. Custo
total da obra: 17 mil contos. Herdamos por conseguinte a divida do pagamento
das compensatórias dos três membros do executivo durante um ano, que teriam
servido para pagar dos acabamentos da obra em questão.Neste mesmo ano realizaram-se os sensos para os quais fui
nomeado coordenador guardando em memória: Nº de residentes homens com mais de
18 anos =98 »» mulheres com + de 18 A – 106»»» menores 29. – Total de
residentes permanentes 233 »»» Total de casas habitadas permanentemente = 100 –
Habitações secundárias 60 – Total de eleitores inscritos = 360.
Se compararmos os números com os sensos realizados 10 anos
depois, notaremos considerável diminuição populacional, natural com o vasto
envelhecimento, falecimentos, e saídas dos mais jovens… contudo verifica-se um
aumento considerável de construções, 40 desabitadas que mais tarde tentaremos
compreender.
CONTINUA »»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»» |
2 comentários:
Boas.
vejo que continua em forma.
um abraço
até breve.
Olá, seja bem-vindo. Vamos mantendo as aparencias jovens, mas os anos não se esquecem e raramente perdoam...
Até sempre; abraço
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