terça-feira, 7 de outubro de 2014

15 ANOS DEPOIS


Fazendo contas à vida…
… Ela é madrasta! Mais que isso; ela é o que nós muitas vezes queremos que seja, independentemente dos resultados pessimamente ordenados, e meticulosamente orquestrados, segundo critérios aproximativos do bom senso, ou da teimosia disparatada que transforma os seres humanos em “fragas” que nem mesmo a água mole por tanto bater consegue furar…
Vamos recuar no tempo para melhor compreensão do que escrevo. Casei com uma mulher, aos 14 de Agosto de 1988 e não com uma terra e muito menos com os seus habitantes que sempre respeitei, apesar das dificuldades em me integrar na fase construtiva do nosso lar. Confesso que teria preferido ir morar para a minha terra, onde me sentia como o peixe na água, mas as circunstâncias materiais e financeiras forçaram a minha decisão ponderada. Dez anos mais tarde voltamos definitivamente para Portugal, e resolvemos em comum acordo com minha esposa, fixar a nossa residência em Murçós onde ela possuía uma casa comprada com as suas economias.
 
Foi através da numerosa juventude, do desporto, e do futebol em particular, que adquiri o estatuto de membro (bacano) convivial e me fui integrando nos usos e costumes d’uma população tendencialmente idosa, com ideias e conceitos firmes nas ideologias politicas que outros mais instruídos lhes transmitiram através de ameaças acatadas como donos da justiça e da razão. Neste tempo foi constituída uma associação, Cultural Desportiva e Recreativa com o intuito de dinamizar a numerosa juventude nas diversas áreas, contudo, apesar dos esforços e boa vontade do homem que teve a iniciativa, esta manteve-se ativa durante algum tempo, apenas com a modalidade desportiva, especialmente futebol. Foram tempos de glória para uma equipa de amadores alguns deles dotados de grandes potencialidades técnicas cujo desenvolvimento requeria constante prática sob o domínio de profissionais. Foi sobretudo um período de convivialidade sem constrangimentos nem restrições, e os mais idosos acompanhavam, quer jogássemos em casa ou nas deslocações, transportados em camionetas autocarros ou carros pessoais; os numerosos trofeus ganhos nestes confrontos com Aldeias regionais em torneios e campeonatos, comprovam, ainda que meio esquecidos num canto do café Central, a assiduidade, empenho e zelo que com muita dedicação trazíamos orgulhosos, como qualquer vencedor…
Fui nomeado o “mister” cujo cargo desempenhava benevolamente, com entusiasmo, orgulho e dedicação, talvez por ter praticado este desporto toda a minha vida de jovem, mas sobretudo porque me sentia bem neste meio que sempre fez parte integral do meu viver de apaixonado pelo desporto e sentido convivial que apraz e apazigua os percalços da vida e sua monotonia.
O tempo foi passando veloz, e , pouco a pouco, os garotos cresceram e tornaram-se homens. Alguns deles acabaram os cursos e foram à procura de novos horizontes que se abriam ao desempenho de funções bem definidas; outros Emigraram para terras de melhores condições financeiras, e no café do Reis, que se enchia durante as noites frias de inverno, começaram a notar-se vagos lugares de pessoas sempre dispostas a animar o ambiente agora moroso.
Em 2001 foi ano de eleições Autárquicas, e eu convidado para assinar uma lista partidária, com o intuito de ocupar o 2º lugar, deixado vago por motivos de falecimento súbito de um dos membros do precedente executivo, e a desistência de outro, manifestando saturação e discordância com o facto de o Presidente residir em Lisboa, recaindo sobre ele todas as responsabilidades e desempenho de funções supostamente ao cargo deste. Ganhou o partido da minha lista, sendo eleita legalmente a assembleia de Freguesia, assim como os dois membros, secretário eu e tesoureiro o 3º da lista proposta. No dia da tomada de posse, recebi das mãos do Presidente do executivo uma autorização assinada e carimbada dando-me plenos poderes na sua ausência, visto residir e trabalhar em Lisboa.
No precedente mandato tinha sido construída a sede da Junta geminada com a casa paroquial, com a magra participação dos habitantes, (duas geiras cada lar) cujos fundos de financiamento, vieram sobretudo da instituição FFF, destinadas às despesas correntes durante o mandato de quatro anos. Teve igualmente o Município um papel preponderante para desempenhar, disponibilizando Arquitetos, Engenheiros, licenciamentos, autorização de construir por administração direta, para além das ajudas financeiras. Custo total da obra: 17 mil contos. Herdamos por conseguinte a divida do pagamento das compensatórias dos três membros do executivo durante um ano, que teriam servido para pagar dos acabamentos da obra em questão.Neste mesmo ano realizaram-se os sensos para os quais fui nomeado coordenador guardando em memória: Nº de residentes homens com mais de 18 anos =98 »» mulheres com + de 18 A – 106»»» menores 29. – Total de residentes permanentes 233 »»» Total de casas habitadas permanentemente = 100 – Habitações secundárias 60 – Total de eleitores inscritos = 360.
Se compararmos os números com os sensos realizados 10 anos depois, notaremos considerável diminuição populacional, natural com o vasto envelhecimento, falecimentos, e saídas dos mais jovens… contudo verifica-se um aumento considerável de construções, 40 desabitadas que mais tarde tentaremos compreender.
CONTINUA »»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»

2 comentários:

Anónimo disse...

Boas.
vejo que continua em forma.
um abraço
até breve.

antonio disse...

Olá, seja bem-vindo. Vamos mantendo as aparencias jovens, mas os anos não se esquecem e raramente perdoam...
Até sempre; abraço