sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Menino triste

O MENINO TRISTE Vi um menino descalço e triste De roupas sujas, rasgadas As lágrimas lavavam-lhe rosto Caindo-lhe dos olhos verdes como as águas Porque choras menino triste Perguntei pegando sua mão Tenho fome e tenho frio … respondeu Lá em casa não há pão Perante tão cruel realidade Que me fez doer por dentro Com um aperto no peito Sem saber o que dizer Peguei o menino pela mão E lhe dei uma refeição Dos seus olhos brotavam gotas Fecundadas pela miséria Um anjo puro inocente De olhar doce e cativante Uma alma que viaja sem maldade Um ser humano, pequeno e frágil Vítima da crueldade Deste mundo atroz infame Percorrendo aquelas ruas Com lágrimas num olhar triste Desconhece a felicidade E sozinho sofre…resiste Todos os dias eu corria No mesmo sítio ali estava O menino de olhos verdes como as águas À mesma hora por mim esperava Quando me via sorria O seu olhar transparecia alegria Porque a fome eu lhe matava E de voz rouca e mansa agradecia Se cada um de nós estendesse A mão a uma pobre criança Deixaria de haver miséria Passaria a haver mais esperança Acredito num mundo ideal Com homens de amor mais profundo Cuidemos de todas as crianças Que são o melhor do mundo Lurdes Rebelo

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